Pai e filho confessam assassinatos em Jaboticabal: o que se sabe sobre o caso

pai-e-filho-confessam-assassinatos-em-jaboticabal3A-o-que-se-sabe-sobre-o-caso

Discussão em frente às crianças, golpes de facão e marreta: o que se sabe sobre mãe e 3 filhos mortos em Jaboticabal

Milton Gonçalves Filho, companheiro de Sabrina Almeida, e o filho dele, Leonardo Gonçalves, estão presos preventivamente. Eles confessaram os assassinatos das quatro vítimas.

Pai e filho têm prisão preventiva decretada após chacina em Jaboticabal
[https://s03.video.glbimg.com/x240/14206174.jpg]

Pai e filho têm prisão preventiva decretada após chacina em Jaboticabal

Preso pela morte da companheira e dos três enteados, o caseiro Milton Gonçalves Filho, de 48 anos, fingiu não saber do paradeiro das quatro vítimas por pelo menos cinco dias.

Sabrina de Almeida Lima, de 27 anos, e os filhos Eduardo Felipe Lima dos Santos, de 10, Victor Hugo Lima dos Santos, de 8, e Luiz Henrique Lima dos Santos, de 6, foram assassinados com golpes de facão e marreta na noite de 18 de dezembro na casa onde viviam com Milton e o filho dele, Leonardo Gonçalves, de 21, em uma fazenda em Jaboticabal (SP).

Os dois confessaram os crimes à polícia no dia 23 de dezembro e estão presos preventivamente. À família de Sabrina, Milton chegou a dizer no sábado (20) que a companheira e os filhos tinham desaparecido.

O caso chocou a região de Ribeirão Preto (SP) e chamou a atenção pela frieza dos suspeitos, que ainda confessaram outro assassinato em agosto do ano passado.

Na quarta-feira (24), durante o velório das vítimas, familiares e amigos pediam por justiça, para que os criminosos não fiquem impunes.

“Essa é uma marca que nunca esqueceremos na nossa vida. Não existe mais Natal pra gente, não existe mais Ano Novo pra gente. É justiça, justiça”, diz o tio de Sabrina, Anderson Braz de Almeida.

LEIA TAMBÉM

Marido confessa que matou mulher e enteados a marretadas e é preso em Jaboticabal
Crianças mortas a marretadas por padrasto tentaram defender mãe de agressões
Caseiro que matou companheira e enteados também confessou assassinato de ex-mulher
Em áudio, suspeito de matar madrasta fala da raiva que sentia dela: ‘Praga dessa mulher’

Ao DE, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo informou que o caso foi registrado como feminicídio, homicídio, destruição, subtração e ocultação de cadáver.

Veja abaixo o que se sabe sobre as mortes de Sabrina e dos filhos:

Quem são as vítimas?
Quem são os suspeitos?
Como os crimes aconteceram?
Como os crimes foram descobertos?
Por que o caso foi tratado como desaparecimento?
Como era a relação das vítimas com os suspeitos?
Como estão as investigações?

QUEM SÃO AS VÍTIMAS?

As vítimas são Sabrina de Almeida Lima, de 27 anos, e os filhos dela, Eduardo Felipe Lima dos Santos, de 10, Victor Hugo Lima dos Santos, de 8, e Luiz Henrique Lima dos Santos, de 6.

Os quatro viviam com Milton Gonçalves e o filho, Leonardo, em uma fazenda a cinco quilômetros de Jaboticabal, onde o crime aconteceu.

Sabrina de Almeida Lima, de 27 anos, e os filhos de 10, 8 e 6, foram mortos pelo marido dela, em Jaboticabal, SP — Foto: Arquivo pessoal

Sabrina e Milton mantinham um relacionamento, mas as crianças não eram filhas dele. Segundo a família de Sabrina, ela já foi usuária de drogas, mas não fazia uso de substâncias há quase um ano.

Em depoimento à polícia na segunda-feira (22), Milton chegou a dizer que a mulher passava por uma crise de abstinência e teria sumido para consumir cocaína. Joviniana Braz de Almeida, mãe da vítima, contestou a informação.

“Ela estava limpa há mais de dez meses. Todo dia, no dia 9, ela falava pra gente ‘hoje eu vou comemorar, é mais um mês sem droga’. Ela usou sim, mas hoje, no momento, ela não usava mais”.

QUEM SÃO OS SUSPEITOS?

Os suspeitos são o companheiro de Sabrina, Milton Gonçalves Filho, de 48 anos, e o filho dele, Leonardo Gonçalves, de 21. DE tenta localizar a defesa dos dois.

Eles confessaram os crimes cinco dias depois de a família de Sabrina registrar um boletim de ocorrência por desaparecimento.

Milton Gonçalves Filho e o filho, Leonardo Gonçalves, suspeitos de matar Sabrina de Almeida Lima e os filhos dela em Jaboticabal, SP — Foto: Reprodução/EPTV e Arquivo pessoal

Eles foram presos no dia 23 de dezembro e tiveram a prisão convertida em preventiva no dia seguinte. Segundo a polícia, o local para onde eles foram encaminhados não foi divulgado por questões de segurança.

Milton e Leonardo devem responder pelos crimes de feminicídio, homicídio, destruição, subtração e ocultação de cadáver.

Além das mortes de Sabrina, Eduardo, Victor Hugo e Luiz Henrique, os dois também confessaram o assassinato de Jéssica Rizzo, de 33 anos, uma ex-companheira de Milton, que desapareceu em agosto do ano passado.

COMO OS CRIMES ACONTECERAM?

À polícia, Leonardo revelou que foi ele quem matou Sabrina, após presenciar uma discussão entre ela e o pai na noite de 18 de dezembro.

O crime aconteceu na área externa da casa onde a família vivia, em uma fazenda na zona rural de Jaboticabal.

Segundo o relato dos suspeitos à polícia, durante a discussão com Milton, Sabrina teria partido para cima do companheiro e, para defender o pai, Leonardo pegou um facão e desferiu vários golpes na cabeça dela.

Ainda segundo o relato dos suspeitos à polícia, Victor Hugo teria corrido em direção a Leonardo para proteger a mãe. Neste momento, Milton pegou uma marreta e desferiu um golpe na cabeça do menino, que tinha 8 anos.

Os outros dois irmãos, de 10 e de 6, foram contidos por Milton e também golpeados com a mesma marreta. Todas as vítimas morreram no local.

(esq.) Victor Hugo Lima dos Santos, de 8 anos, Luiz Henrique Lima dos Santos, de 6, e Eduardo Felipe Lima dos Santos, de 10, foram mortos por padrasto em Jaboticabal, SP — Foto: Arquivo pessoal

Após o crime, Milton e Leonardo levaram os corpos para uma área de mata próxima à fazenda. Antes de deixarem a casa com os corpos, Milton desligou a chave geral para que as câmeras de segurança do imóvel não captassem a saída deles.

Milton e Leonardo utilizaram sacos de alumínio para silagem para enrolar as vítimas e jogá-las em valas que eles mesmos cavaram.

COMO OS CRIMES FORAM DESCOBERTOS?

Milton chegou a dizer à polícia e aos familiares de Sabrina que ela tinha saído de casa para usar cocaína e levado os filhos.

Ele só confessou os crimes no dia 23 de dezembro, dois dias depois que as buscas pelo suposto desaparecimento dos quatro tinham começado.

“Depois que tivemos a primeira conversa com o suspeito, nós o mantivemos em observação e hoje [terça-feira] acabamos conduzindo ele à delegacia. Em uma conversa mais elevada e com os elementos que nós possuíamos, ele acabou confessando”, disse o delegado Oswaldo José da Silva.

Leonardo, que também compareceu à delegacia com o pai, confessou participação nas mortes e também foi preso.

POR QUE O CASO FOI TRATADO COMO DESAPARECIMENTO?

A princípio, o caso foi tratado como desaparecimento de pessoa porque Milton disse à polícia e aos familiares de Sabrina que ela tinha ido embora com os filhos na noite de 18 de dezembro.

As buscas pela mulher e pelas crianças começaram no dia 21, porque a polícia só foi avisada do suposto sumiço no dia 20. O tio de Sabrina, Anderson Braz, foi quem registrou o boletim de ocorrência.

Ele revelou que a última vez que conversou com a sobrinha foi na tarde de quinta-feira, quando o crime aconteceu. Como Sabrina não tinha celular, os contatos com ela eram feitos por meio do aparelho de Milton.

“Ela foi levar manga na quinta-feira mesmo pra minha mãe e pra outra avó dela. Na sexta-feira, meu sobrinho mandou recado pra ele [Milton] pra que eles pudessem ir à casa da minha mãe, que ela tinha comprado remédio pras crianças. Ele visualizou a mensagem, porém não respondeu. No sábado, ele já chegou em casa com essa informação ‘olha, a Sabrina desapareceu’. Em momento nenhum ele perguntou se ela estava lá, já chegou falando que ela tinha sumido”.

COMO ERA A RELAÇÃO DAS VÍTIMAS COM OS SUSPEITOS?

Áudios obtidos pela EPTV, afiliada da TV Globo, apontam que Leonardo Gonçalves tinha raiva da madrasta.

As mensagens foram enviadas por ele a um amigo na noite das mortes. Nas gravações, o suspeito chega a se referir à Sabrina como “praga”.

“O Milton está falando que não está aguentando. Só fala, gosta de sofrer na unha de mulher. Se você ver a tremedeira aqui, é tanto nervoso que passa, e essa praga dessa mulher não quer voltar para casa da avó, porque brigou com a velha”.

Em outro trecho, Leonardo afirma que a madrasta falava mal dele e da família.

“Você acredita que a Sabrina estragou o meu dia hoje? Acordei tão bem. Só a mulher começar a beber para falar um monte de bosta. Do nada, começou a falar mal de mim, mal da minha irmã, mal do meu pai, falando que os filhos dela eram isso, eram aquilo, e os filhos do meu pai… colocou nós lá em baixo.”

Segundo Anderson, o relacionamento de Milton com as crianças era relativamente bom e os meninos o chamavam de pai.

Sabrina de Almeida Lima, de 27 anos, e os filhos de 10, 8 e 6, foram vistos pela última vez na quinta-feira (18), em Jaboticabal, SP — Foto: Arquivo pessoal

COMO ESTÃO AS INVESTIGAÇÕES?

Milton e Leonardo vão responder pelos crimes de feminicídio, homicídio, destruição, subtração e ocultação de cadáver.

As armas utilizadas nos crimes, um facão e uma marreta, e a pá utilizada para cavar as valas foram apreendidas.

A Polícia Civil esteve na sexta-feira (26) na fazenda onde vivia o caseiro para escavar a área onde ele diz ter enterrado Jéssica. Como nada foi encontrado, as buscas serão retomadas na segunda-feira (29), com a utilização de uma retroescavadeira.

O crime também passou a ser investigado após Milton confessar a morte da ex-companheira. De acordo com o delegado, ele deu um carro usado a Leonardo como recompensa por participação.

Veja mais notícias da região no DE Ribeirão Preto e Franca

Box de Notícias Centralizado

🔔 Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram e no WhatsApp