Corpo da atriz Teuda Bara é enterrado em Belo Horizonte
Em cerimônia aberta ao público, o corpo dela foi velado com o figurino usado no
espetáculo ‘Romeu e Julieta’, montagem do Grupo Galpão, no Palácio das Artes.
O corpo da atriz Teuda Bara, ícone do teatro mineiro e uma das fundadoras do
Grupo Galpão, foi enterrado nesta sexta-feira (26) no cemitério Parque da Colina, no bairro Nova Cintra. A despedida foi feita sob aplausos de amigos,
familiares e admiradores.
O velório de Teuda ocorria desde 10h, no Palácio das Artes, no Centro de Belo
Horizonte. Em cerimônia aberta ao público, o corpo dela foi velado com o
figurino usado no espetáculo “Romeu e Julieta”, montagem do Galpão.
Teuda morreu na tarde desta quinta-feira de Natal (25)
, aos 84 anos,
no Hospital Madre Teresa, em BH. Ela estava internada desde 14 de dezembro devido a
uma fratura na perna causada por uma queda em casa.
A morte foi provocada septicemia com falência múltipla dos órgãos, quando uma
infecção generalizada se espalha pelo sangue e atinge várias partes do corpo.
HOMENAGENS
A atriz recebeu homenagens de artistas, amigos, familiares e do poder público.
“Uma pessoa que atravessou gerações, participou de movimentos artísticos,
culturais, políticos, sociais. Uma pessoa de uma importância, uma companheira da
melhor qualidade”, disse a atriz Lydia Del Picchia, também do Grupo Galpão.
“Teuda, voz do teatro mineiro, no Brasil e no mundo, estava para o Grupo Galpão,
como Milton Nascimento está para o Clube da Esquina”, afirmou o Palácio das
Artes em nota.
INOVAÇÃO NO TEATRO E FUNDAÇÃO DO GALPÃO
A atriz, que também atuou no cinema e na TV, tinha o humor debochado e a
gargalhada solta como seus traços mais marcantes. Filha de um bombeiro
trombonista e uma enfermeira cantora e parodista, Teusa Bara figurou como um dos
grandes nomes do teatro brasileiro.
Sem ter tido formação teatral formal, trabalhou com nomes como Zé Celso Martinez
e Eid Ribeiro, inovou no teatro experimental, ajudou a fundar o Grupo Galpão na
década de 1980 e subiu em palcos de todo o Brasil e pelo mundo.
“A partida de Teuda representa uma perda imensurável para o Grupo Galpão, o
teatro brasileiro e todos que tiveram o privilégio de conviver com ela”,
afirmou a companhia em publicação nas redes sociais.
TRABALHOS NO TEATRO, TV E CINEMA
Teuda Bara esteve no palco até os últimos dias de sua vida. Em 13 e 14 de
dezembro, ela apresentaria a peça “Doida” no teatro de bolso do Sesc Palladium,
na capital mineira. A segunda noite, no entanto, não pôde ser apresentada devido
à internação da atriz.
O espetáculo, que completava 10 anos de sua estreia, retrata o espírito de Minas
e é livremente inspirado no conto de Carlos Drummond de Andrade.
Consagrada no teatro, Teuda participou da novela da TV Globo “Meu Pedacinho de
Chão” (2014), escrita por Benedito Ruy Barbosa e com direção-geral de Luiz
Fernando Carvalho e Carlos Araújo, e da série de comédia “A Vila” (2017), com
Paulo Gustavo. Também teve atuações no cinema.
ATUAÇÃO COM ZÉ CELSO E EX-ALUNA DA UFMG
Aos 30 anos, quando cursava ciências sociais na Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG), fez teatro-jornal com o Diretório Acadêmico Faculdade de
Filosofia e Ciências Humanas.
Abandonou o curso superior três anos depois para começar a trabalhar com o
diretor Eid Ribeiro, antes de se mudar para São Paulo para trabalhar com o
diretor José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso.
No cinema, Teuda Bara atuou em filmes como “O Palhaço”, de Selton Mello, “La
Playa D.C” (produção franco-colombiana), de Juan Andrés Arango, e “As Duas
Irenes”, de Fábio Meira. Ela também fez parte do elenco de “Órfãs da Rainha”, de Elza Cataldo.




