Fechamento do espaço aéreo e vila construída do zero: conheça bastidores de
filme gravado no Paraná
Ambientado na década de 1920, ‘Nova Éden’ é um filme de terror folclórico. Mais
de 150 profissionais estão diretamente envolvidos na realização do longa
metragem, que teve gravações em Pinhais, São José dos Pinhais, Morretes e
Castro.
Fechamento do espaço aéreo e construção de vila: conheça bastidores de filme
gravado no PR.
Em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, a gravação do novo filme do diretor Aly Muritiba envolveu diretamente cerca de 150 pessoas. Considerando também os fornecedores, o número de envolvidos passa dos 300.
Esse número inclui desde o elenco e equipe técnica até profissionais que dão
apoio à produção, como o motorista que transporta os atores de um lugar para o
outro.
Ambientado na década de 1920, o filme “Nova Éden” acompanha a chegada de um novo
padre, interpretado pelo ator guineense Welket Bungué, a uma comunidade formada
por migrantes poloneses no Paraná. Ele não é bem recebido pela população e acaba
descobrindo que mistérios pairam na região.
A trama é classificada pelo diretor como um “terror folclórico” – como “Midsommar” (2019, dirigido por Ari Aster) e “A Bruxa” (2015, de Robert Eggers). A estreia de “Nova Éden” está prevista para 2026.
O filme foi rodado em setembro e o DE acompanhou um dia no set de filmagem. Só
que o trabalho das equipes começou muito antes das gravações.
Andando pelo set de Nova Éden, é possível encontrar alguns dos profissionais
responsáveis por tirar a obra do papel. Entre eles, Giba Cuscianna, que é
produtor de locação do projeto e foi o responsável por encontrar os lugares
adequados para a gravação do filme, conforme o roteiro e os critérios
apresentados pelo diretor.
No caso de Nova Éden, um dos principais desafios foi encontrar um local que
retratasse, de maneira coerente, o período em que a história se passa.
Às margens da Represa do Iraí, Cuscianna conseguiu ver o local perfeito para a
comunidade de migrantes retratada na obra. Para dar forma à história, as equipes
construíram toda a vila do zero, com direito a casas, uma igreja, cemitério e
estábulo.
“Nós estamos falando de um filme de 1920, fizemos a procura de locais de madeira
e acabamos entendendo que não ia dar certo. Precisava de um local virgem,
precisava de um local próximo e precisava de tempo”, afirma Cuscianna.
O lugar escolhido tinha um problema: ficava embaixo de uma das principais rotas
aéreas da região. Como a passagem de um helicóptero não seria coerente com um
filme de época, a diretora de produção Juliana Caimi teve que assumir uma outra
missão.
Coube a ela negociar com o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de
Tráfego Aéreo (CINDACTA) o fechamento de 105 quilômetros quadrados do espaço
aéreo durante os dias de gravação no local.
Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), o CINDACTA analisou os possíveis
impactos na circulação aérea da região e na acessibilidade dos aeródromos e
helipontos. Após não identificar problemas, o órgão disponibilizou o espaço para
a produção do filme.
“A produção informou antecipadamente os dias e horários de gravações, e se
adequou a eventuais suspensões da área para ingresso de helicópteros e voos de
segurança pública que tinham como procedência ou destino o aeroporto de
Bacacheri [em Curitiba] e os helipontos situados dentro da área”, detalhou a
FAB, por meio de nota.
Além de olhar para cima, a função de Caimi envolve olhar também para os lados.
Sem o trabalho dela, o trabalho de outras pessoas envolvidas na filmagem não
pode acontecer.
“Quando chega o dia, eu preciso estar com todo equipamento, com todo transporte,
com equipe aqui, com alimentação, com segurança, bombeiro, tudo que exige para
que a diária [de gravação] seja feita. A função de um diretor de produção
envolve chegar, olhar, ver se tá tudo no horário, ver se todo mundo chegou, se
os equipamentos estão aqui, para poder seguir cada um na sua função fazendo o
que precisa”, detalha.




