Daniella Salomão, procuradora municipal e especialista em liderança pública, destaca que o concurso público vem perdendo atratividade. Durante décadas, era visto como sinônimo de estabilidade e crescimento na carreira. No entanto, atualmente, menos pessoas se inscrevem nos concursos públicos, há altos índices de abstenção e servidores que pedem exoneração poucos meses após a entrada. Essa realidade inédita preocupa gestores públicos em todas as esferas da administração. A nível federal, a situação é alarmante, com previsão de cerca de 150 mil servidores federais se aposentando entre 2025 e 2030. A grande pergunta que se impõe é: por que o serviço público perdeu o atrativo para as novas gerações? Falta de inovação, perspectivas de carreira pouco claras e estruturas engessadas são alguns dos fatores apontados. Com a chegada de novas tecnologias e mudanças no mercado de trabalho, os jovens buscam mais do que estabilidade: querem propósito, desenvolvimento contínuo e autonomia. O descompasso entre essas demandas e a realidade do serviço público é evidente. Estruturas hierárquicas rígidas, falta de transparência nas carreiras, ambientes de trabalho prejudiciais e remunerações pouco competitivas são alguns dos pontos que afastam talentos e prejudicam aqueles que permanecem. Se medidas eficazes não forem tomadas para modernizar o serviço público, o Estado pode enfrentar dificuldades em executar suas próprias políticas por falta de mão de obra qualificada e engajada.