Coletor de lixo, colecionador e ex-dependente de drogas: conheça figurões da São Silvestre
A corrida de rua mais tradicional do Brasil vai reunir cerca de 55 mil pessoas na edição centenária e entre elas estão as figuras carimbadas com histórias marcantes.
Cheia de predicados e tradições, a São Silvestre chega à centésima edição neste ano como a maior corrida de rua do Brasil. A prova desperta sentimentos únicos e não é à toa que reúne milhares de histórias plurais, com pessoas que escolhem encarar o desafio dos 15 quilômetros no dia 31 de dezembro por motivos singulares, que vão muito além da finalização do percurso.
Há quem corra fantasiado, existe aquele que transformou a profissão em hobby e até um homem que coleciona mais de 200 peças raras sobre a São Silvestre. O simbolismo de uma prova que encerra o ano para receber o próximo de braços abertos é um prato cheio para juntar histórias peculiares, e o site DE reuniu cinco pessoas entre os 55 mil participantes para representar os figurões do evento.
Ivanildo Dias de Souza é um deles. Ele partiu de Monte Santo, no interior da Bahia, para viver em São Paulo recolhendo o lixo. São 10 quilômetros percorridos por noite apanhando os dejetos da capital. Durante as madrugadas de trabalho e com o empurrão da empresa na qual presta serviço, o baiano descobriu uma nova vocação: a corrida de rua.
O coletor de lixo se tornou um atleta profissional, sobe no pódio frequentemente em provas de ruas de São Paulo. Trabalha na coleta de madrugada, treina durante as manhãs e compete aos fins de semana. Na São Silvestre, seu grande amor, ele larga sempre na elite.
Como pode-se notar, quem corre a São Silvestre costuma ser apaixonado pela prova. No caso de Gabriel Abdala, essa paixão se transformou na maior coleção conhecida da última corrida de rua do ano. São mais de 200 objetos raros – medalhas, número de peito, placas históricas – e tudo começou por causa da relação com o avô, que correu a São Silvestre de 1932 – mesmo ano em que participou da revolução de 32.
Ana Animal já correu de Rainha Elizabeth na São Silvestre – A corrida de rua salvou a vida dela. Quando nasceu, Ana foi abandonada numa caixa de sapato e cresceu nas ruas de São Paulo. Usava drogas, roubava, traficava. Tinha tudo para ter um destino final muito ruim, mas a história mudou quando a atleta amadora se deparou com o filme Carruagens de Fogo exibido numa vitrine de uma loja do centro da capital paulista. Ela começou a praticar corrida e, graças ao esporte e uma rede de apoio, conheceu inúmeros países.
E quando a corrida exalta o amor? É o caso do publicitário Thiago Mota. Ele começou a correr após se deparar com a obesidade grau quatro. Com o esporte, o jovem paulista ganhou mais qualidade de vida e conheceu o namorado Erick de Pádua. Em toda a prova que participa, Thiago carrega a bandeira LGBTQIAP+ e não será diferente na São Silvestre.
Finalizamos essa lista com o Gláucio Campos, um professor apaixonado por São Silvestre que levará mais de 50 alunos para a edição centenária da prova de rua mais amada do Brasil. O corredor transformou o esporte em profissão e compartilha tanto seu conhecimento como o amor pela atividade física.




