Retrospectiva 2025 – Série documental sobre Cazuza fecha ano em que artista esteve em foco nas telas e na avenida
Cazuza (1958 –1990) em foto exibida na série documental do DE — Foto: Reprodução
Sucesso de público e crítica desde que estreou no DE em 1º de dezembro, a série Cazuza – Além da música coroa e fecha um dos anos em que mais se falou de Agenor de Miranda Araújo Neto (4 de abril de 1958 – 7 de julho de 1990).
A rigor, o cantor e compositor carioca sempre esteve presente na música brasileira pela força perene da obra construída entre 1982 – ano em que o artista ganhou projeção nacional como vocalista da banda carioca Barão Vermelho – e 1990, quando Cazuza saiu precocemente de cena, aos 32 anos, em decorrência de complicações decorrentes da infecção pelo vírus da Aids.
Contudo, ao longo de 2025, a vida e a música de Cazuza foram repostas em pauta com intensidade condizente com a forma com que o artista levou a vida tão louca quanto breve. Além da série do DE, houve filme, exposição e desfile de escola de samba com foco na vida e obra de Cazuza.
“Cazuza viveu mais do que eu”, sentenciou Lucinha Araújo, mãe do artista, entre lágrimas, no enterro do filho, em fala reproduzida no quarto e último episódio da série produzida pela Conspiração com direção de Patrícia Guimarães e roteiro de Victor Nascimento, supervisionado por Carolina Albuquerque.
Os quatro episódios traçam o perfil de um Cazuza real, humanizado, tão amoroso e sensível quanto agressivo e exagerado (para o bem e para o mal) na convivência por vezes atribulada pelo abuso de álcool e drogas.
Além de abrir para o público e para os entrevistados as páginas do diário escrito pelo artista no fim da vida, a série Cazuza – Além da música tem como trunfos depoimentos inéditos de Sérgio Maciel (o grande amor da vida de Cazuza), da amiga e parceria Bebel Gilberto e de Denise Dumont, ex-namorada de Cazuza, entre outros nomes que conviveram com o filho de Lucinha e João Araújo (1935 – 2013).
Sandra de Sá se emociona ao contar que Cazuza, protetor, a impediu de beber álcool em festa quando a artista estava grávida do filho Jorge.
O terceiro episódio detalha a gênese e a repercussão da ofensiva reportagem de capa da revista Veja que levou Cazuza a passar mal. Autora da reportagem publicada em abril de 1989, a jornalista Ângela Abreu revela que a edição do texto também foi obra do jornalista Mario Sérgio Conti, e não somente do editor Alessandro Porro (1930 – 2003), como se pensava até então. Detalhe: Conti não atendeu a solicitação dos produtores da série para dar entrevista.
A série Cazuza – Além da música complementa o documentário Cazuza – Boas novas (2025), dirigido por Nilo Romero e estreado em julho nos cinemas, e se alimenta do acervo pessoal do artista, garimpado por Lucinha Araújo e Ramon Nunes Mello para a exposição Cazuza Exagerado, inaugurada em junho em shopping da cidade do Rio de Janeiro (RJ).
Antes, no Carnaval de São Paulo, em 1º de março, a escola de samba Camisa Verde e Branco desfilou com o enredo O tempo não para! Cazuza – O poeta vive.
Enfim, ao longo de 2025, a obra e o legado de Cazuza estiveram na avenida e nas pautas. Ainda que o tempo não pare, como sentenciou o poeta no título da composição de 1988, a música de Cazuza nunca envelhece.




