Questionado se a prefeitura deu ordem para retirar os professores que ocupavam a sede da Secretaria Municipal de Educação e Esporte de Goiânia (SME), o titular da pasta, Marcelo da Costa, afirmou que não tem conhecimento sobre a origem da ordem de desocupação. “Eu não estava presente, cuidei da parte da educação”, alega.
O secretário concedeu entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira (27) sobre a ação executada pela Guarda Municipal Metropolitana (GCM), que ocorreu na noite da última quarta-feira (26). Na ocasião, professores e servidores administrativos ocupavam a secretaria para protestar contra a gestão do prefeito Iris Rezende e forçar a negociação com o Paço.
Os servidores foram retirados do local e denunciaram agressões por parte dos agentes. A GCM usou spray de pimenta contra os manifestantes, além de bombas de efeito moral e cacetes. Marcelo da Costa declarou que a prefeitura repudia qualquer tipo de excesso e que vai investigar o caso.
“Falei pessoalmente com eles ontem, disse que poderíamos conversar, mas parece que não houve consenso entre eles. É importante que a parte coletiva da ação sindical tenha um representante. É impossível negociar individualmente”, afirmou Marcelo da Costa. Segundo ele, a secretaria está disposta a negociar com os professores escalonadamente, pois “não é possível resolver problemas que vem se arrastando de outras gestões em três meses”.
Além disso, o secretário mencionou que a categoria não está “unida” em relação às reivindicações. Quem liderou o movimento de ocupação foi o Sindicato Municipal dos Servidores da Educação de Goiânia (Simsed), que não é reconhecido pela prefeitura. “Não tenho conhecimento de carta sindical por parte do Simsed, por isso nosso diálogo tem sido mais efetivo com o Sintego [Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás]”, pontuou o secretário.
Conforme Marcelo da Costa, a ação teve respaldo jurídico e foi feita para “preservar o patrimônio público”.
Desocupação
A professora Siomar Moura, de 50 anos, contou ao Diário do Estado que estava chegando à SME, por volta das 20h30, quando viu guardas municipais armados e bombas de gás sendo atiradas para dentro da secretaria. Segundo ela, a maioria das pessoas que estavam dentro da secretaria eram mulheres. “Algumas foram algemadas, outras agredidas”, completa. Siomar não chegou a entrar na sede, mas teve que “correr para não ser atingida por bombas (de efeito moral) e spray de pimenta”.
Já Adelvair Helena dos Santos, também educadora pelo município, estava no interior da sede quando a Guarda Civil iniciou a retirada dos manifestantes. Adelvair, que sofre de hipertensão, foi internada depois de passar mal durante a ação da GCM. Ela afirma que, após a ocorrência, não pretende voltar à sala de aula. “Tenho um sentimento de repulsa pela ação da gestão municipal, pela forma violenta ela trata os educadores”, conclui.
O comando geral da greve se reuniu hoje (27), às 14h, na Faculdade de Educação da UFG, para discutir os próximos passos do movimento e tratar da ação de desocupação. Os trabalhadores pedem o diálogo para resolver a negociação sobre melhorias das condições de trabalho, pois algumas instituições não apresentam estrutura física ou efetivo de professores adequados, pagamento do piso salarial e data-base, além da questão da merenda escolar, que, para a categoria, tem investimentos insuficientes.
A vereadora Priscilla Tejota (PSD) instaurou um inquérito no Ministério Público para apurar se houve crime de abuso de autoridade e poder contra os professores na desocupação. No documento, a vereadora solicita a investigação do prefeito Iris Rezende (PMDB), do secretário municipal de educação e do comandante da Guarda Municipal de Goiânia, Elton Ribeiro de Magalhães.