O delírio de que a China é um paraíso de liberdade parece cada vez mais distante. Se a ideia está mais próxima de algo, é do descrédito. Isto porque mídia brasileira e internacional repercutiu com ênfase nesta segunda-feira, 28, a condenação da jornalista Zhang Zhan, uma ex-advogada de 37 anos que cobriu a pandemia na cidade de Wuhan, local onde primeiro surgiu o coronavírus.
Ela, que exercia o trabalho independente, foi condenada a 4 anos de prisão pelo Tribunal de Xangai. Por quê? Porque divulgou informações da situação dos hospitais da cidade chinesa durante o auge da doença. O caso dela, ao que tudo indica, não é exceção: há outros processos em andamento contra jornalistas e fotógrafos que registraram imagens das unidades de saúde lotadas no país.
As informações divulgadas por ela foram chamadas de “Fake News” pelo tribunal chinês. Ela foi detida ainda em maio, por “provocar distúrbios”. O termo é velho conhecido por ser usado a quem se opõe perante o regime comunista do país. O balanço oficial de Wuhan fala em 4 mil mortes por Covid-19, na cidade de 11 milhões de habitantes.
A China inteira, com 1 bilhão e trezentos milhões de habitantes, declarou até agora 89.976 casos, com 4.634 mortes (pesquise no Google e aparecerá de cara). O Brasil, com 210 milhões de habitantes, teve 7,4 milhões de casos e 191 mil mortes declaradas, até agora, pelos órgãos de Saúde.
Os médicos chineses que primeiro mencionaram o surgimento de “um vírus misterioso” foram interrogados pela polícia e acusados de “propagar boatos”. Em fevereiro, um destes médicos, Li Wenliang, morreu vítima da doença e o fato causou indignação nas redes sociais.
Mesmo assim, a China vem sendo reportada como um sucesso na contenção do coronavírus. A mídia estatal atribuiu a “vitória” na pandemia às medidas restritivas do presidente Xi Jinping, que por sua vez deveriam ser exportadas para o mundo. No fim das contas, a China saiu como “exemplo” a ser seguido no combate ao vírus mortal, que já levou 1,76 milhões de pessoas a óbito, no mundo.