Porquê católicos estão apoiando Dom Alberto Taveira, arcebispo acusado de abuso sexual

Dom Alberto Taveira tem 70 anos de idade e é arcebispo da cidade de Belém, no estado do Pará. É um nome forte na história da Igreja Católica brasileira: foi o primeiro bispo de Palmas, no Tocantins, e bispo auxiliar em Brasília, capital do país.

Agora, o caso em que é acusado de abusar sexualmente de jovens seminaristas está em seu auge, após matéria feita pela revista televisiva da Rede Globo, o Fantástico. As acusações surgiram em agosto de 2020, e desde lá, tem tido grande repercussão entre os católicos. Depois que o Fantástico conseguiu acesso ao “conteúdo completo” das denúncias, o assunto subiu e foi um dos mais comentados do Twitter na noite deste domingo, 3.

Padres famosos e conhecidos do público brasileiro aparecerem na reportagem prestando apoio a Dom Alberto, e foram cobrados pelos internautas por esta atitude, como Fábio de Melo e Marcelo Rossi. Mas a realidade é que, há meses, grupos católicos de todo o país já vinham manifestando apoio ao arcebispo de Belém.

Apoio dos católicos

No dia 7 de dezembro de 2020, em nota oficial, a Canção Nova, maior emissora católica do Brasil, pediu orações para toda a arquidiocese e declarou: “Queremos manifestar também nossa solidariedade à Igreja local e ao seu arcebispo, Dom Alberto Taveira Corrêa. Há um longo tempo de convivência de nossa comunidade e o frutuoso ministério episcopal de Dom Alberto: no seu acompanhamento de pastor junto à Renovação Carismática Católica; nas edições do Retiro Popular Quaresmal; nas ordenações de sacerdotes das Novas Comunidades e Movimentos Eclesiais; na sua importante contribuição no reconhecimento pontifício da Canção Nova”, disse o texto assinado pelo Monsenhor Jonas Abib, fundador da comunidade.

Dom Odair José, bispo da diocese de Formosa, em Goiás, também gravou vídeo em apoio a Dom Alberto. “Muito estimado, meu irmão e amigo de episcopado, passo para solidarizar-me com o senhor nestes momentos difíceis de provação”. Padre Fábio de Melo, que foi ordenado pelo arcebispo de Belém, foi muito criticado na internet pela atitude, mas não deixou de prestar o seu apoio ao amigo:

Por fim, Padre Marcelo Rossi foi outro que se manifestou por meio de vídeo. Ele declarou: “nesta hora de combate, estamos juntos em oração”.

Por que os católicos acreditam em Dom Alberto?

Ao Fantástico, quatro seminaristas que não revelaram seus nomes, contaram histórias parecidas de abusos, que teriam ocorrido entre 2010 e 2014, quando eles tinham entre 15 e 18 anos. O arcebispo os chamava para conversas privadas, muitas delas no quarto, onde, segundo as acusações, falavam sobre sexualidade e o bispo então faria perguntas inoportunas, seguidas de atos sexuais cada vez mais ‘intensos’. O arcebispo ainda teria dito que tudo era parte de um processo de “cura da homossexualidade”.

Apesar das acusações sérias, a comunidade católica das redes sociais, principalmente Twitter e Instagram, têm se mostrado bastante a favor de Dom Alberto Taveira. A hashtag #EuApoioDomAlberto, no Twitter, é um exemplo das muitas mensagens de apoio recebidas pelo clérigo. O cantor católico Dunga e Maria Samolé Ventura, fundadora da Comunidade Obra de Maria, deram a mesma justificativa para apoiá-lo: o fato de conhecerem Dom Alberto há mais de 30 anos. “Nós não ouvimos falar de Dom Alberto, nós conhecemos Dom Alberto e sabemos quem ele é. Sabemos da índole, da honestidade, da misericórdia e do coração de pastor”, disse Dunga, em vídeo.

Para outros, a conhecida ortodoxia de Dom Alberto seria motivo de uma possível perseguição dentro da própria Igreja. Ele é conhecido por ter posicionamentos tradicionais, alinhados com a doutrina da religião, o que poderia desagradar alas progressistas. É como relata a conta católica do Instagram “escolástica da depressão”, de 22 mil seguidores, que fez uma publicação no domingo, 3, expressando esta opinião. “Acusado de Abuso e exploração. Seu advogado afirma que ele está sendo perseguido por um grupo específico dentro da igreja. Sabemos quem são!“, diz a foto publicada.

Nos bastidores da polêmica

O próprio Dom Alberto, em vídeo de dezembro, se defendeu das acusações, falando sobre ter ficado perplexo ao tomar conhecimento das motivações das denúncias, mas sem dizer quais seriam:

“Mais perplexo ainda fico ao tomar conhecimento das origens de tais acusações, bem como os motivos apresentados. Lamento que os pretensos acusadores tenham optado pela via escandalosa, com circulação de notícia na mídia nacional, sem as devidas apurações dos fatos, ao que tudo indica, visando causar danos irreparáveis à minha pessoa e provocar abalo na Santa Igreja.

Confio na Justiça Brasileira para o esclarecimento dessas falsas imputações, que atacam não só a minha honra, mas prejudicam também aqueles que sempre lutaram fiel e ativamente pela fidelidade a Nosso Senhor Jesus Cristo. Reforço estar totalmente disponível às autoridades, tanto as eclesiásticas como as civis, para que a realidade seja restabelecida integralmente.

Nesta dolorosa experiência de calvário, mas com a consciência tranquila, enfrentarei as calúnias, difamações e injúrias contra mim, na esperança de que ao final reluza a verdade”. 

Em 2019, dois padres de Belém escreveram uma carta a Dom José Azcona, dispo emérito de Marajó, dizendo terem certeza do que ouviram por parte dos quatro ex-seminaristas. A defesa do arcebispo, em contrapartida, defendeu a tese da existência de possíveis motivações nas denúncias:

“Nós vamos provar ao final desse inquérito, que diferente do que se pensa, os denunciantes não são quatro pessoas isoladas. São um grupo de pessoas, que têm um profundo sentimento de vingança por Dom Alberto. E por que tem esse sentimento? Justamente pela grande característica da gestão de Dom Alberto, que era uma gestão austera. Pessoas foram afastadas do seminário por comportamento incompatível com a vida religiosa”.

Segundo a matéria do Fantástico, dos quatro acusadores, três pediram para sair do seminário, e um foi expulso por motivos disciplinares. No dia 6 de dezembro, o jornal “Ver-o-fato”, de Belém, publicou uma matéria exclusiva, com o título: “Dois padres e 7 ex-seminaristas apontam assédio sexual do arcebispo de Belém”.

Três dias depois o mesmo jornal publica outra matéria, desta vez de opinião, assinada pelo jornalista Josué Costa, que diz que mudou de ideia sobre as acusações contra o arcebispo. “Estava levando para o lado pessoal. Aliás, recebi as denúncias com sabor de vingança“, admite. “O arcebispo tem sido vítima de calúnias, injúrias e difamações. Os acusadores […] querem mesmo, movidos pela cega vingança, macular o nome do prelado. Isso lhes basta”, escreveu o jornalista.

Por fim, o artigo coloca a motivação das denúncias no que chamou de Lobbygay. “Lobbygay é a definição do movimento que tenta denegrir a vida de dom Alberto Taveira. São padres, seminaristas e ex-seminaristas gays que reagem infantilmente às medidas de contenção”, explica Josué Costa. A Igreja Católica considera as relações homossexuais como pecaminosas. Além do mais, os “consagrados” ao sacerdócio, independente da sexualidade, são chamados ao celibato, ou seja, abstenção de qualquer tipo de relacionamento sexual.

Missa depois da matéria do Fantástico

Dom Alberto Taveira, após grande repercussão da reportagem do Fantástico, participou da celebração de uma missa. Veja o que ele disse:

Atenção: Esta matéria do jornal Diário do Estado tem como única intenção a investigação do porquê comunidades católicas, padres famosos e fiéis se manifestaram em massa a favor de um sacerdote que está sob acusações que classificamos como tão sérias, de abuso sexual. Quisemos saber o que alegam estas pessoas. O jornal não se manifesta a favor de nenhum dos lados, esperando o desenrolar das investigações e o cumprimento da Justiça. Uma coisa é certa: condenamos veementemente quaisquer crimes de abuso sexual.

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Taxa de desemprego entre mulheres foi 45,3% maior que entre homens

A taxa de desemprego entre as mulheres ficou em 7,7% no terceiro trimestre deste ano, acima da média (6,4%) e do índice observado entre os homens (5,3%). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta sexta-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o IBGE, o índice de desemprego das mulheres foi 45,3% maior que o dos homens no terceiro trimestre do ano. O instituto destaca que a diferença já foi bem maior, chegando a 69,4% no primeiro trimestre de 2012. No início da pandemia (segundo trimestre de 2020), a diferença atingiu o menor patamar (27%).

No segundo trimestre deste ano, as taxas eram de 8,6% para as mulheres, 5,6% para os homens e 6,9% para a média. O rendimento dos homens (R$ 3.459) foi 28,3% superior ao das mulheres (R$ 2.697) no terceiro trimestre deste ano.

A taxa de desemprego entre pretos e pardos superou a dos brancos, de acordo com a pesquisa. A taxa para a população preta ficou em 7,6% e para a parda, 7,3%. Entre os brancos, o desemprego ficou em apenas 5%.

Na comparação com o trimestre anterior, houve queda nas três cores/raças, já que naquele período, as taxas eram de 8,5% para os pretos, 7,8% para os pardos e 5,5% para os brancos.

A taxa de desocupação para as pessoas com ensino médio incompleto (10,8%) foi maior do que as dos demais níveis de instrução analisados. Para as pessoas com nível superior incompleto, a taxa foi de 7,2%, mais do que o dobro da verificada para o nível superior completo (3,2%).

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