Mulher será indenizada em R$20 mil após médico realizar cirurgia de laqueadura sem autorização

O Hospital de Caridade São Pedro de Alcântara e sua associação mantenedora, estabelecidos na cidade de Goiás, foram condenados a pagar danos morais, arbitrados em R$ 20 mil, a uma paciente que foi submetida a cirurgia de laqueadura. O procedimento foi feito durante o parto do terceiro filho da autora e não foi autorizado formalmente pela mulher. A sentença é da juíza Alessandra Gontijo do Amaral, da 1ª Vara da comarca.

Para cirurgias de anticoncepção ou esterilização definitivas – interrupção das trompas uterinas, como no caso, ou vasectomia, para homens – a Lei nº 9.263/1996 consta que é imprescindível ter registro da expressa manifestação do paciente, em documento escrito. A legislação também prevê a necessidade de aconselhamento prévio com equipe multidisciplinar para informar sobre as dificuldades de reversão e planejamento familiar.

Dessa forma, segundo a decisão da magistrada, a conduta da instituição de saúde foi negligente, ao não observar as normativas. “A atuação (do hospital) foi em total inobservância às disposições das leis que tratam sobre a matéria, gerando abalos relacionados com os direitos da personalidade e, de forma mais ampla, com a tutela do ser humano e sua integridade física”.


Histórico

À época do procedimento cirúrgico, a paciente tinha 23 anos e estava em sua terceira gravidez, sendo que os dois filhos anteriores também nasceram por parto cesário. Na defesa, o obstetra responsável alegou que a esterilização precoce – por ocorrer antes dos 25 anos, conforme versa a lei – foi realizada para evitar riscos de uma quarta cesariana. Contudo, a juíza Alessandra Gontijo destacou que o hospital não apresentou provas ou documentos que “a gestante corria risco naquele momento, aptos a justificarem o procedimento, ao arrepio das normas que regem a matéria”.

Na petição, a autora pediu indenização de R$ 500 mil por danos morais com base na teoria jurídica da perda de uma chance. Segundo a tese, a reparação deveria ser feita já que impossibilitou um fato esperado, no caso uma nova gravidez, tendo a conduta da parte ré frustrado expectativa da mulher. Contudo, a magistrada destacou que o constrangimento experimentado pela autora foi de pequena proporção.

“Há de se considerar que a requerente já passava por sua terceira cesariana, adentrando numa situação de risco se porventura viesse a ter uma quarta intervenção cirúrgica. Tal argumento, inclusive sustentado pela defesa, não exclui a culpabilidade dos requeridos pelas irregularidades, contudo, merece ser ponderado na fixação do valor indenizatório”.

Para o patamar da verba, Alessandra Gontijo também observou a “precária condição financeira da autora e seu cônjuge, o que prejudicaria o devido provimento do núcleo familiar, caso este viesse a aumentar, prezando pelo devido bem-estar social da família e pela saúde da mãe”.

Fonte: Assessoria de Comunicação TJ/GO

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Ex-marqueteiro de Milei é indiciado pela PF por tentativa de golpe

Fernando Cerimedo, um influenciador argentino e ex-estrategista do presidente argentino Javier Milei, é o único estrangeiro na lista de 37 pessoas indiciadas pela Polícia Federal (PF) por sua suposta participação em uma tentativa de golpe de Estado no Brasil. Essas indecisões foram anunciadas na quinta-feira, 21 de novembro.

Cerimedo é aliado do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e teria atuado no ‘Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral’, um dos grupos identificados pelas investigações. Além dele, outras 36 pessoas foram indiciadas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, que enfrenta seu terceiro indiciamento em 2024.

Em 2022, o influenciador foi uma das vozes nas redes sociais que espalhou notícias falsas informando que a votação havia sido fraudada e que, na verdade, Bolsonaro teria vencido Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas.

Além disso, ele também foi responsável por divulgar um ‘dossiê’ com um conjunto de informações falsas sobre eleições no país. Em vídeos, ele disse que algumas urnas fabricadas antes de 2020 teriam dois programas rodando juntos, indicando que elas poderiam ter falhas durante a contagem de votos.

Investigações

As investigações, que duraram quase dois anos, envolveram quebras de sigilos telemático, telefônico, bancário e fiscal, além de colaboração premiada, buscas e apreensões. A PF identificou vários núcleos dentro do grupo golpista, como o ‘Núcleo Responsável por Incitar Militares a Aderirem ao Golpe de Estado’, ‘Núcleo Jurídico’, ‘Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas’, ‘Núcleo de Inteligência Paralela’ e ‘Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas’.

Os indiciados responderão pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. A lista inclui 25 militares, entre eles os generais Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, todos ex-ministros de Jair Bolsonaro. O salário desses militares, que variam de R$ 10.027,26 a R$ 37.988,22, custa à União R$ 675 mil por mês, totalizando R$ 8,78 milhões por ano.

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