O deputado federal Elias Vaz protocolou na Procuradoria Geral da República um pedido de abertura de investigação para a compra de cerveja, picanha e carvão vegetal para as Forças Armadas identificados no Painel de Preços do Ministério da Economia. O documento encaminhado ao procurador Augusto Aras também é assinado pelos deputados do PSB Alessandro Molon (RJ), Lídice da Mata (BA), Aliel Machado (PR), Bira do Pindaré (MA), Camilo Capiberibe (AP), Denis Bezerra (CE), Marcelo Nilo (BA) e Vilson Luiz da Silva (MG).
De acordo com Elias Vaz, também há, nas compras do governo, superfaturamento de até 67%. “Está claro que há irregularidades. Em plena pandemia, o governo federal destinou milhões para a compra de itens totalmente desnecessários e com preços abusivos”, afirma o deputado.
De acordo com o documento assinado por Elias Vaz, as compras para Exército e Marinha somam 80.016 latas e garrafas de cerveja, inclusive marcas como Heineken, Stella Artois e Eisenbahn, além de Bohemia, Antarctica, Skol Beats e Puro Malte. Segundo o deputado, o caso que mais chama a atenção é o da lata da Bohemia Puro Malte. O valor unitário que consta no processo já homologado é R$4,33 e o preço para o consumidor comum, em uma busca rápida por supermercados, é R$2,59, diferença de 67%.
“O levantamento não deixa dúvidas. Não há a menor lógica de um consumidor comum pagar menos por um produto no varejo que o governo. Em uma compra de grande volume, sempre há descontos e preços mais baixos”, explica Elias Vaz.
Foram identificados também processos para compra de 1.375.041 quilos de carvão vegetal para as Forças Armadas e 714,7 mil quilos de picanha para os Comandos do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, para a Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel) e para o Departamento de Administração Interna do Ministério da Defesa. De todos os casos, chama atenção o preço de R$ 84,14 por quilo de picanha obtido por meio do Pregão Eletrônico n° 37/2019, concluído em 29 de janeiro de 2020 e conduzido pela Diretoria de Abastecimento da Marinha.
“É uma ofensa ao Princípio da Moralidade Pública, uma vez que os cortes de picanha são produtos nobres e inacessíveis para boa parte dos brasileiros, que lutam para garantir o arroz com feijão de cada dia”, destaca o deputado.