Profissionais da segurança pública ameaçam fazer protesto contra Bolsonaro

Nesta quarta-feira, 10, delegados, peritos, agentes da Polícia Federal, policiais rodoviários federais e outras 20 carreiras da segurança pública ameaçaram realizar protestos em todo o país.

Integrantes da União dos Policiais do Brasil (UBP), os servidores afirmam ter sido traídos pelo presidente Jair Bolsonaro, que teria prometido apoio a categoria para não fazerem parte congelamentos na PEC Emergencial. Devido ao fato dos policiais serem proibidos de fazer greves, o plano era de fazer paralisações durante o dia.

O texto da PEC encaminhado à Câmara pelo Senado teve apoio do Palácio do Planalto, com voto até mesmo do senador Flávio Bolsonaro contra a exclusão dos policiais da PEC.

O texto estipula um congelamento de salário e proibição de progressão na carreira e novas contratações sempre que houver decretação de estado de calamidade, ou quando as despesas correntes e receitas correntes alcançarem 95%.

“É um movimento de traição, são montadas estratégias, deixando o Congresso ser culpado. Com Rodrigo Maia era mais fácil. Agora, no Senado, o governo votou contra a emenda defendida pelos policiais. É uma estratégia de fazer um discurso público e nos bastidores fazer outra coisa”, diz Luis Antônio Boudens, presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef).

O  presidente da Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF) Dovercino Borges Neto, também pontuou a Bolsonaro nos últimos dias, quando apoiou os policiais, como “jogar pra galera”.

Para o líder dos PRF a paralisação objetiva ser um “ato simbólico de que a segurança pública desembarcou no governo Bolsonaro”.

Representando os peritos criminais, Marcos Camargo afirma que: “é a terceira traição (do governo de Jair Bolsonaro), a primeira foi na reforma da previdência, a segunda na votação da lei complementar 173, que também já trouxe vedações, e a terceira agora. E essa é muito grave”, diz ele.

Foto: Alan Santos/PR / fotos públicas

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Indiciado, Bolsonaro diz que Moraes “faz tudo o que não diz a lei”

Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta na rede social X, nesta quinta-feira (21), trechos de sua entrevista ao portal de notícias Metrópoles. Na reportagem, ele informa que irá esperar o seu advogado para avaliar o indiciamento. 

“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, disse o ex-presidente.

Bolsonaro também criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, criticou Bolsonaro.

Bolsonaro é um dos 37 indiciados no inquérito da Polícia Federal que apura a existência de uma organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo, em 2022, sucedendo ao então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais.

O relatório final da investigação já foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Souza Braga Netto.

Na última terça-feira (19), a PF realizou uma operação para prender integrantes de uma organização criminosa responsável por planejar os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.

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