EUA acusam regime sírio de matar e queimar milhares de prisioneiros

Os Estados Unidos acusaram nesta segunda-feira (15) o regime sírio de Bashar al-Assad de assassinar e depois queimar os corpos de milhares de prisioneiros, em um ritual de 50 mortes diariamente, com base em provas que o Executivo em Washington garante ter obtido. As informações são da agência EFE.

Em coletiva realizada hoje, o secretário-adjunto para Assuntos do Oriente do Departamento de Estado, Stuart Jones, afirmou ter provas fotográficas de que o governo da Síria construiu um crematório perto de uma prisão nos arredores de Damasco, onde queima corpos de detentos para esconder execuções em massa.

Ele disse que as imagens mostram neve derretida em áreas quentes, onde seria local da cremação, e pediu ao governo da Rússia, aliado de Assad, que aumente a pressão para que os responsáveis “por estas atrocidades prestem contas”.

Crime de guerra

Segundo Jones, o regime sírio estaria enforcando e queimando os corpos dos prisioneiros para esconder as provas do que poderia ser considerado um crime de guerra, conforme a Convenção de Genebra. Ele disse que o regime de Assad autorizou execuções extrajudiciais na prisão de Saydnaya, a 30 km de Damasco, cuja situação degradante foi denunciada este ano pela Anistia Internacional, que a definiu como um “abatedouro humano”, com a possibilidade de que até 13 mil pessoas tenham sido executadas lá.

“Segundo várias fontes, o regime sírio é acusado de matar até 50 presos por dia em Saydnaya. Acreditamos que o regime instalou um crematório que pode eliminar os corpos sem que restem muitas provas”, explicou Jones, que repercutiu relatórios de que muitos desses corpos eram jogados em valas comuns.

O responsável pelo Departamento de Estado americano disse acreditar que estas provas levarão o Executivo em Moscou a aumentar a pressão sobre Assad, para que se busque uma solução política à guerra civil síria, incluindo a saída do líder do país. Jones não quis falar sobre ações militares em resposta a este crime, como aconteceu quando o presidente americano, Donald Trump, ordenou o bombardeio de uma base aérea síria em abril, depois de um ataque com armas químicas atribuído a Assad.

Fonte: Agência Brasil

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Tribunal Penal Internacional emite mandado de prisão contra Netanyahu e líder do Hamas por crimes de guerra

O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu, nesta quinta-feira, 21, mandados de prisão internacional para o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o ex-ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, e o líder do Hamas, Mohammed Deif, por supostos crimes de guerra e contra a humanidade.
 
Os mandados foram expedidos após o procurador do TPI, Karim Khan, ter solicitado a prisão deles em maio, citando crimes relacionados aos ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023 e à resposta militar israelense em Gaza. O TPI afirmou ter encontrado “motivos razoáveis” para acreditar que Netanyahu e Gallant têm responsabilidade criminal por crimes de guerra, incluindo a “fome como método de guerra” e os “crimes contra a humanidade de assassinato, perseguição e outros atos desumanos”.
 
Netanyahu e Gallant são acusados de terem privado intencionalmente a população civil de Gaza de bens essenciais à sua sobrevivência, como alimentos, água, medicamentos, combustível e eletricidade, entre outubro de 2023 e maio de 2024. Essas ações resultaram em consequências graves, incluindo a morte de civis, especialmente crianças, devido à desnutrição e desidratação.
 
Mohammed Deif, líder militar do Hamas, também foi alvo de um mandado de prisão. O TPI encontrou “motivos razoáveis” para acreditar que Deif é responsável por “crimes contra a humanidade, incluindo assassinato, extermínio, tortura, estupro e outras formas de violência sexual, bem como crimes de guerra de assassinato, tratamento cruel, tortura, tomada de reféns, ultrajes à dignidade pessoal, estupro e outras formas de violência sexual”.
 
Os mandados de prisão foram emitidos para todos os 124 países signatários do TPI, incluindo o Brasil, o que significa que os governos desses países se comprometem a cumprir a sentença e prender qualquer um dos condenados caso eles entrem em territórios nacionais.
O governo israelense rejeitou a decisão do TPI, questionando a jurisdição do tribunal sobre o caso. No entanto, os juízes rejeitaram o recurso por unanimidade e emitiram os mandados. O gabinete de Netanyahu classificou a sentença de “antissemita” e “mentiras absurdas”, enquanto o líder da oposição, Yair Lapid, a chamou de “uma recompensa ao terrorismo”. O ex-primeiro-ministro israelense Naftali Bennett também criticou a decisão, considerando-a uma “vergonha” para o TPI.
O conflito na Faixa de Gaza, que se arrasta há mais de um ano, deixou milhares de mortos e devastou a região. A decisão do TPI simboliza um avanço na responsabilização por crimes graves, embora sua eficácia prática seja limitada, dado que Israel e os Estados Unidos não são membros do TPI e não reconhecem sua jurisdição.

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