Rachadinha: secretário da receita se reuniu 3 vezes com Flávio Bolsonaro
O secretário especial da Receita Federal, José Tostes Neto, reuniu-se três vezes com a defesa de Flávio Bolsonaro no âmbito da estratégia de anulação do inquérito da rachadinha, sob a alegação de que o senador estava sendo perseguido por um grupo de auditores.
As reuniões com as advogadas Luciana Pires e Juliana Bierrenbach ocorreram na sede da Receita em Brasília em 26 de agosto, 4 de setembro e 17 de setembro, quando o próprio Flávio participou.
A Receita informou que os encontros foram para tratar da “situação fiscal de pessoas físicas e jurídicas, na condição de sujeito passivo de obrigação tributária” e que estaria “impossibilitada” por lei de prestar mais esclarecimentos.
As advogadas de Flávio também conseguiram reuniões na Presidência da República, no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e até na Abin, que teria produzido relatórios de inteligência sob demanda do senador. Nesta terça-feira, 6, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão contra um servidor do órgão, suspeito de vazar esses relatórios para a imprensa.
Indiciado, Bolsonaro diz que Moraes “faz tudo o que não diz a lei”
Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta na rede social X, nesta quinta-feira (21), trechos de sua entrevista ao portal de notícias Metrópoles. Na reportagem, ele informa que irá esperar o seu advogado para avaliar o indiciamento.
“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, disse o ex-presidente.
Bolsonaro também criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, criticou Bolsonaro.
Bolsonaro é um dos 37 indiciados no inquérito da Polícia Federal que apura a existência de uma organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo, em 2022, sucedendo ao então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais.
O relatório final da investigação já foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Souza Braga Netto.
Na última terça-feira (19), a PF realizou uma operação para prender integrantes de uma organização criminosa responsável por planejar os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.