Fundador das Casas Bahia, Samuel Klein manteve durante décadas esquema de aliciamento de crianças para a prática de exploração sexual dentro da sede da empresa, em São Caetano do Sul. As informações da Agência Pública, que denuncia como o “Rei do Varejo” usou seu poder como empresário bem-sucedido para esconder durante décadas o que fazia não só na sede, mas também em Santos, São Vicente, Guarujá e Angra dos Reis.
O patriarca não é o único envolvido, seu filho Saul Klein é investigado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) por aliciamento e estupro de mais de 30 mulheres. Foi através das denuncias recentes envolvendo Saul que a reportagem foi atrás dos relatos de dezenas de mulheres e notou semelhanças na forma de agir de pai e filho.
Uma das mulheres entrevistadas, Karina Lopes Carvalhal contou que quando foi pela primeira vez a sede da empresa só queria um tênis novo, ela tinha 9 anos e soube pela irmã que o empresário dava dinheiro às crianças que iam até lá. “Minha irmã tinha me dito: ‘Ká, não se assuste porque ele vai te dar um beijinho’. Mas ele me cumprimentou e já passou a mão nos meus peitos. Ele dizia: ‘Ah, que moça bonita. Muito linda’”, disse imitando o sotaque dele.
Karina ainda disse que ele mantinha um quarto anexo ao escritório, com uma cama hospitalar, onde os abusos aconteciam. Foi ali que as situações de exploração sexual ganharam escala e viraram rotina: “A segunda vez, ele já me levou pro quartinho”.
Ela é apenas uma das mais de 35 fontes ouvidas pela Pública, que teve relatos de advogados e ex-funcionários da Casas Bahia e da família, consultou processos judiciais e inquéritos policiais, teve acesso a documentos, fotos, vídeos de festas com conotação sexual e declarações de próprio punho das denunciantes, além de gravações em áudio que indicam que, ao menos entre o início de 1989 e 2010, Samuel Klein teria sustentado uma rotina de exploração sexual de meninas entre 9 e 17 anos.