Soluções injetáveis representam importante ferramenta para o uso racional de antibióticos em suínos

Quarto maior fornecedor de carne suína no mundo, o Brasil produz cerca de 4 milhões de toneladas dessa rica proteína por ano, segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A oferta de carne de qualidade em larga escala caminha em paralelo com avanço genético, eficaz controle sanitário e correto manejo nutricional. Aliás, a saúde dos animais tem estado cada vez mais em evidência, especialmente devido ao movimento global pelo uso prudente e responsável de antibióticos.

Os suinocultores e técnicos devem dispor dos antibióticos somente nos momentos em que eles são indispensáveis. Dessa forma, aproveitamos o melhor dessa tecnologia e contribuímos para a redução da presença de resíduos acima de limites toleráveis em produtos destinados ao consumo humano. Assim, a escolha do antibiótico precisa ser cuidadosamente analisada. Além disso, a sensibilidade dos agentes bacterianos é um dos principais parâmetros a considerar na escolha do antibiótico injetável.

São três as formas de aplicação: injetável, via ração e via água. Levantamento epidemiológico feito na União Europeia a longo prazo demonstrou alto padrão de sensibilidade do princípio ativo marbofloxacina em relação aos principais agentes bacterianos causadores das mais importantes doenças reprodutivas, respiratórias e digestivas. Assim, na escolha do antibiótico injetável, as especificações e os benefícios do fármaco também devem ser considerados. São eles: espectro de ação, características farmacocinéticas e farmacodinâmicas, eficácia, praticidade, segurança para a cadeia e custo-benefício.

Nesse contexto, um novo conceito para antibióticos injetáveis ganha força e espaço no mercado: o SISAAB (Antibiótico de Curta Duração e Injeção Única). Trata-se da utilização de um antibiótico bactericida com dose elevada, que cura rapidamente o animal com mínimo tempo de exposição ao antibiótico, de modo que a imunidade natural seja privilegiada após a interrupção da infecção.

O SISAAB utiliza a terapia baseada na Concentração de Prevenção de Mutação (CPM), definida como a Concentração Inibitória Mínima (CIM) da cepa mutante menos sensível. Na prática, isso significa o uso da dose de antibiótico 4 até 8 vezes acima da dosagem da CIM 90 para a população bacteriana da cepa mutante.

A administração de marbofloxacina 16% na dosagem de 8 mg/kg tem apresentado resultados consistentes e muito eficazes contra as principais doenças respiratórias de origem bacteriana dos suínos, como diarreia em leitões, síndrome MMA (metrite, mastite e agalaxia) – atualmente denominada como Síndrome da Disgalaxia Pós-Parto (SDP) – e infecções do trato urinário por meio do conceito SISAAB.

A marbofloxacina é o ingrediente ativo de Forcyl, desenvolvido pela Vetoquinol Saúde Animal – uma das 10 maiores indústrias veterinárias do mundo. O produto é o primeiro antibiótico injetável indicado para suínos à base de marbofloxacina. Com dose única, proporciona ação rápida e alta eficácia, com rápido retorno do animal ao seu ciclo de desenvolvimento. A aplicação pode ser realizada em todas as fases da produção e o período de carência é curto: 9 dias. O uso de Forcyl, por meio do conceito SISAAB, proporciona potente efeito bactericida, tem rápida eliminação e ampla indicação de uso, proporcionando benefícios em termos de eficácia, rapidez e segurança (baixo risco de resistência bacteriana).

O antibiótico é indicado para infecções causadas por Escherichia coli (no intestino e no trato urinário, além da MMA) e por Pasteurella multocida, Actinobacillus pleuropneumoniae e Haemophilus parasuis (no trato respiratório). Soluções inovadoras como Forcyl representam uma opção inovadora para os principais desafios sanitários enfrentados pela suinocultura tecnificada, especialmente em um país com população superior a 56 milhões de suínos (dos quais quase 2 milhões são matrizes), de acordo com o Associação Brasileira Criadores Suínos (ABCS).

Por André Buzato, médico veterinário, mestre em sanidade e produção animal e gerente técnico de suínos da Vetoquinol Saúde Animal.

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A crise moral da nova geração de médicos

Médico com máscara.

Por: SARA ANDRADE

Uma jornalista jovem de classe média tem livre circulação nos ambientes frequentados por pessoas com histórias relativamente parecidas: vivendo dentro dos seus vinte anos, formando-se na faculdade e começando carreiras no mercado de trabalho. Nesta bolha, destaca-se a quantidade de moças e rapazes que optaram pelo estudo da medicina.

Estão aí para provar as estatísticas: de 2000 para 2020, o número destes profissionais no Brasil mais que dobrou, passando de 230 mil para meio milhão, segundo resultados do estudo “Demografia Médica no Brasil 2020”, liberado pelo Conselho Nacional de Medicina em parceria com a Universidade de São Paulo.

As milhares de entregas de canudo, tão comemoradas, foram responsáveis por alargar a média de médicos a cada mil habitantes no país: de 1,4 para 2,4, colocando o Brasil no mesmo patamar de nações como Japão ou Polônia, e apenas décimos atrás dos Estados Unidos, com média de 2,6. O que os números não podem mostrar, no entanto, são os pormenores deste fenômeno. Aqui vale o ponto de vista de uma jovem jornalista, e o cenário não é tão simples quanto parece.

A medicina sempre carregou consigo seu bocado de nobreza. Curar doenças, tirar a dor das pessoas, aumentar o tempo e a qualidade de vida: de fato, o jaleco branco pode ser uma espécie metafórica de batina, numa profissão quase sacerdotal, sagrada. Não seria falta de noção falar até em “amor ao próximo”. Muitos jovens estudantes parecem ter esta ideia romântica em mente: ajudar as pessoas através do trabalho de suas vidas. Não é só um emprego: torna-se missão e vocação.

Enquanto isso, outros estudantes de medicina parecem perdidos pelo caminho. Atenção: este é um questionamento aos que em breve serão médicos! Você está verdadeiramente preparado para abrir mão de si, dos seus desejos e caprichos, em prol de um desconhecido? Muitas vezes, seus pacientes serão “impacientes”, inoportunos e sem educação (até porque podem estar sob o efeito de grande dor).

Você pode não ser agradecido, nem reconhecido ou elogiado. Quem sabe até injustiçado. Pense consigo, você pode suportar? Você quer suportar? A sua escolha deve ser como em um casamento: o padre sempre avisa da riqueza e da pobreza, da saúde e da doença: quem diz sim, o diz para tudo.

Com o prestígio do ofício, vêm os abutres. Quantos não estão cursando medicina pelo status social, pelo dinheiro prometido, ou ainda apenas pela experiência da vida festeira de universitário? Tudo isso pode estar no pacote, caso o amor também se faça presente. Sem amor primeiro, é tudo vazio neste coração de doutor. Assim, a indagação martela nas mentes: como um universitário interesseiro e exibido, que nunca se doou a nada, nem a ninguém, pode ser um bom médico? De onde tirará o amor que tudo suporta, que persevera? Ninguém pode dar o que não tem.

Seria possível que um estudante qualquer de medicina, na condição de escravo de aprovação, de likes em redes sociais, incapaz de reconhecer o esforço da família para formá-lo, que só se importa em figurar bem para os amigos nos ambientes sociais… seria possível que disso saia altruísmo, doação e abnegação de si? Doar-se não é lá tão impossível e atos como arrumar a própria cama já são ótimos sinais de ordem interior. A disciplina, a sinceridade, a submissão aos superiores, tão necessárias no dia a dia do médico: tudo isso começa pequeno, mostrando-se no dia a dia do estudante.

Se você não sente obrigação nenhuma para com ninguém, se o mundo inteiro (seus amigos, pais) está sempre errado e você certo, ou se a culpa de seus fracassos, ou más ações, nunca é sua, pobre vítima… falta-te o principal para ser um bom médico: o amor. E este só vem com maturidade, com a compreensão de que sua vida não é para você se entupir de si mesmo, mas um presente ao mundo: ao tiozinho da esquina que sofre, à criança resfriada e à fofoqueira insuportável do bairro. Desse modo, seus dias ganharão um sentido maior.

Muitos reduzem o sucesso na vida ao sucesso profissional. Nada mais equivocado! Quantos não são fracassados com contas bancárias gordas? Isso acontece porque sucesso verdadeiro é ter personalidade, maturidade. E isso só se alcança com consciência moral, que diferencia bem e mal, e que gera noção de dever. Mas o que será de uma geração de jovens médicos que tem horror à própria ideia de moralidade? De ordem? Ou com uma dificuldade imensa de compreender a necessidade de regras, de ritos… Serão eles ricos? É possível. E também miseráveis, porque imaturos e sem personalidade. No fim, ninguém é feliz assim, ou cumpre seu chamado no mundo, sua vocação.

Aliás, o que levaria um jovem médico a doar-se por alguém? Sem sombra de dúvidas, a certeza da dignidade da vida humana, e o conhecimento da sua transcendência. Infelizmente, esta geração tem receio até mesmo de dizer que uma vida humana vale mais que a vida de um papagaio, ou de uma lesma. Como amar o humano, se não se sabe o que ele é, ou quanto vale? Ingênuo pensar que um estudante imaturo e incapaz de amar tornaria-se imediatamente amoroso e dedicado pelo toque mágico do diploma em suas mãos.

Essa dinâmica se aplica a todas as profissões, mas o médico deve ser o primeiro da fila a entender a vida. Porque muitas vezes, ela está em suas mãos. Um bom exemplo a guiar os novatos de consultório pode ser São Lucas. Médico, artista e historiador. Com uma vida inteira doada ao conhecimento da verdade humana. Que a paixão pela beleza da existência também inspire você a cada dia, jovem médico, e te leve ao amor maior. Especialmente neste dia 18, dia do médico e de São Lucas, padroeiro da honrosa missão de curar.

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