Operação Harém tem MC Mirella e Núbia Olliver envolvidas

A operação Harém BR, da Polícia Federal, chegou a envolver a funkeira MC Mirella e a modelo Núbia Olliver nas investigações. A operação, iniciada em 2019, combate o tráfico de mulheres que eram aliciadas pelo grupo criminoso, fotografadas e enviadas para países como Estados Unidos, Paraguai, Bolívia, Catar e Austrália. Algumas das mulheres eram menores de 18 anos.

MC Mirella teria sido uma das vítimas, tendo aliciada quando ainda era menor de idade. A funkeira foi chamada para prestar depoimento em condições de vítima e testemunha contra o grupo criminoso neste domingo (2). A defesa da artista ressalta “não existe qualquer investigação ou acusação contra Mirella” e que “ela já contribuiu com seu testemunho”.

O líder do grupo seria o empresário Rodrigo Cotait. Em reportagem ao Fantástico, Cotait era apontado como aliciador e fotografava as mulheres. O mesmo possuía uma empresa de maquiagem e usava o empreendimento para intermediar o esquema, segundo investigações.

“As meninas que viajam comigo vêm todas na minha casa. Só mando viajar produto de exportação que tem meu selo de qualidade. É o vídeo de acordo com o que eles [clientes] querem ver. Sem produção nenhuma.” diz Cotait em áudio vazado durante o programa.

Núbia Ólliver, é acusada de estar associada à organização criminosa que promovia o tráfico internacional de mulheres. Segundo a Polícia Federal, ela ajudava o empresário a selecionar as garotas que seriam aliciadas. O Fantástico também divulgou o áudio onde a voz da modelo aparece. “Te passei umas meninas aí para te ligarem. Essas eu sei que são do Rio [de Janeiro]”, afirmou a modelo em conversa com Cotait. “Você acha que R$ 10 mil a gente consegue cobrar? Aí a gente dá R$ 5 mil para ela e divide R$ 5 mil”, respondeu o empresário.

Logo em seguida, Núbia teria pedido para não ser citada nominalmente nas negociações  “Só não usa meu nome, porque como a gente é mais conhecida, não gera fofoca, enfim”. A defesa da modelo ainda não manifestou.

Prisões

A PF prendeu oito pessoas no âmbito da operação na terça-feira (27). Também foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão. Um dos presos é Rodrigo Cotait que negou o crime:  “Eu sou solteiro, então recebo muitas mulheres na minha casa. Não me considero um fora da lei ou bandido.”

Os mandados judiciais foram cumpridos em seis cidades: São Paulo/SP, Goiânia/GO, Foz do Iguaçu/PR, Venâncio Aires/RS, Lauro de Freitas/BA e Rondonópolis/MT. Cinco ordens foram incluídas na Interpol, mais precisamente no Paraguai, Estados Unidos, Espanha, Portugal e Austrália.

O caso é investigado desde 2019, durante a desarticulação de um grupo estelionatário que praticava clonagem de cartões de crédito pela internet. A partir disso, foram identificadas compras feitas pelos estelionatários com cartões clonados onde foram compradas passagens aéreas com destino a Dohar, no Catar. Duas mulheres foram identificadas e disseram ter recebido as passagens de um homem que as agenciava para a prostituição.

 

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Escândalo envolvendo BYD e escravidão moderna pode abalar relações Brasil-China

A fabricante chinesa de carros elétricos BYD está enfrentando uma grave denúncia no Brasil, após a contratação de uma subempreiteira que trouxe mais de 163 trabalhadores da China para as obras de sua fábrica na Bahia. Inspeções realizadas pelas autoridades constataram condições alarmantes: jornadas de trabalho de dez horas, alojamentos insalubres, retenção de passaportes e parte dos salários confiscados pelos empregadores.

Essas práticas foram enquadradas pelo Código Penal Brasileiro como indicativas de escravidão moderna. A denúncia veio à tona pouco antes do Natal, com a Jinjiang Construction, subcontratada pela BYD, negando as acusações. Em resposta, a BYD rescindiu o contrato com a empresa, suspendendo temporariamente as obras da fábrica.

Impacto diplomático e comercial

A construção da fábrica, que envolve um investimento de US$ 1 bilhão, é o primeiro grande projeto da BYD nas Américas e um marco nas relações comerciais entre Brasil e China. A China é o maior parceiro comercial do Brasil, e os laços entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping têm sido fortalecidos, com o presidente brasileiro até utilizando veículos da marca BYD em seus deslocamentos.

No entanto, o escândalo ameaça manchar a imagem da empresa, que investiu milhões em marketing para promover sua entrada no mercado ocidental. Um representante da BYD insinuou que forças externas poderiam estar utilizando o caso para difamar marcas chinesas e prejudicar as relações sino-brasileiras.

Um aspecto ainda não esclarecido é o motivo de trazer trabalhadores da China para a construção no Brasil, prática anteriormente denunciada em países africanos.

Escravidão moderna: um problema recorrente

O caso da BYD chama atenção para um problema persistente no Brasil. Denúncias de condições análogas à escravidão são comuns, especialmente na indústria têxtil, que frequentemente explora trabalhadores bolivianos, e em setores como as plantações de café e vinhedos.

No ano passado, mais de 200 trabalhadores foram resgatados em situação de escravidão em vinícolas no sul do Brasil. Apesar da repercussão, as empresas envolvidas geralmente enfrentam apenas sanções financeiras, enquanto as vítimas raramente recebem qualquer forma de reparação.

O escândalo envolvendo a BYD não apenas expõe as dificuldades na fiscalização das condições de trabalho, mas também destaca os desafios diplomáticos e comerciais que podem surgir em projetos internacionais de grande escala.

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