A decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de pautar simultaneamente a mudança na dosimetria das penas aplicadas aos envolvidos no golpe de 8 de janeiro e os processos de cassação de mandato de alguns deputados produziu mais estresse político em Brasília. Isso porque favorece abertamente a oposição e ameaça impor novas derrotas ao governo de Lula, mostrando um método de condução da Câmara que combina improviso, força bruta e ausência de mediação política, fragilizando a opinião pública com a busca por autoridade pelo braço. A cena da remoção à força de Glauber Braga da Mesa Diretora expôs a falta de bom senso na condução dos trabalhos, evidenciando um estilo de direção desgastado perante a opinião pública. O presidente acabou por gerar uma situação caótica no plenário, ferindo o princípio da publicidade dos atos legislativos e multiplicando a crise.
Na esfera política, a pauta escolhida por Motta colocou o governo de Lula na defensiva e premiou a oposição, ao favorecer avanços do projeto que reduz a pena de Bolsonaro e abrir julgamentos que podem resultar na cassação de deputados de extrema direita. A atitude do presidente alinha-se cada vez mais aos interesses da oposição, sobretudo num momento de crescente desgaste do Planalto com o Senado. O conflito institucional se amplia com a decisão de ignorar o entendimento do STF e enviar ao plenário o caso de Ramagem, num gesto que desafia a Suprema Corte. Motta, ao preferir o rito mais lento e político, beneficia o campo bolsonarista, reforçando a imagem de uma Casa legislativa que busca impor sua palavra final, mesmo indo contra interpretações constitucionais.
O caso de Glauber adiciona uma nova camada ao contexto, com o parecer do relator misturando episódios distintos e reavivando conflitos antigos, resultando em críticas de casuísmo. A atitude impetuosa do deputado ao ocupar a Mesa Diretora ofereceu o pretexto perfeito para Motta endurecer e tentar recuperar autoridade pela imposição, mostrando um presidente fragilizado. O governo, por sua vez, foi pego de surpresa pela pauta dupla, evidenciando a falta de diálogo e articulação política no Planalto. As decisões de impacto tomadas sem consultar as bancadas mostram um cenário de descontrole e truculência na condução dos trabalhos, associando Motta a métodos questionáveis e minando sua autoridade.




