‘Capital gay’: livro conta ‘A audácia dos invertidos’, a história da vanguarda
LGBT no Rio
Da origem do termo “sapatão” até a vida da primeira travesti assumida em uma
grande empresa do país, passando pelo encontro entre o filósofo francês Michel
Foucault e Madame Satã, Rodrigo Faour conta quatro décadas da história da
comunidade queer na cidade.
Entre as décadas de 1950 e 1990, o Rio de Janeiro foi a capital gay do Brasil. É
o que conta Rodrigo Faour, no seu novo livro “A audácia dos invertidos”, que
será lançado em um show no Teatro Rival, no próximo dia 5, que pretende reviver
o cenário dessa época.
As histórias vão da origem do termo “sapatão” até a vida da primeira travesti
assumida em uma grande empresa do país, passando pelo encontro entre o filósofo
francês Michel Foucault e Madame Satã.
Paulette Couto, funcionária travesti que teve uma arreira de 30 anos no
Banco do Brasil. — Foto: Acervo de Rodrigo Faour.
O próprio título da obra já conta uma história. “Audácia”, segundo conta Faour,
era uma gíria gay dos anos 70, e “invertidos” era um termo pejorativo usado para
se referir à comunidade.
“O PECADO PESA MENOS”.
Na sua primeira visita à capital carioca, em 1979, o carnavalesco paraense
Milton Cunha, sentiu que, no Rio de Janeiro, “o pecado pesa menos”. Em poucos
dias, decidiu que moraria na cidade.
Em 1982, peguei um pau-de-arara e vim-me embora, conta, no epílogo do livro de
Faour.
Mas, antes da Galeria Alaska, do Papagay e da Praia de Ipanema – lugares em que
a vida pulsante da comunidade LGBT carioca dos anos 80 encantou Cunha – houve a
Cinelândia.
Milton Cunha e Rose Bombom, em 1996. — Foto: Acervo de Rodrigo Faour.
Uma “cidade gay”. Foi assim, contou Faour ao DE, que Edy
Star descreveu a impressão que teve do Rio de Janeiro quando chegou, pela
primeira vez, na praça no Centro conhecida como a Hollywood carioca, em 1963.
Multiartista baiano Edy Star, em 1974. — Foto: Acervo de Rodrigo Faour.
A partir de relatos como esses, Rodrigo percebeu que, além de capital cultural
do país, o Rio foi também a capital da vanguarda nos costumes, no século 20.
“Era sempre invertidos, anormais ou imorais”, conta.
Rodrigo Faour e Lorna Washington no Bar da Le Boy, em 1996. — Foto: Acervo de Rodrigo Faour.
“A audácia dos ivnvertidos”, de Rodrigo Faour. — Foto: Reprodução.
No fim das contas, os anos 90 da sua juventude ficaram para um próximo livro.
Isso porque, naquele período, a cultura LGBT sofreu um revés muito marcante.
“Era uma era um negócio que estava ficando muito forte e de repente vem a AIDS e
dá um break nisso, porque aí era o ‘câncer gay’, né?”, contou.
“Foi sempre invertidos, anormais ou imorais”, conta.
É importante dizer para essa turma de hoje que são direitos que conquistamos
com muita dificuldade”, reflete. “E essa união é muito importante para a
comunidade, para a gente fazer a força e não deixar retroceder.”
Rodrigo Faour e Lorna Washington no Bar da Le Boy, em 1996. — Foto: Acervo de Rodrigo Faour.




