A campanha de cancelamento contra Donald Trump

O cerco contra Donald Trump está se fechando rapidamente nos últimos dias que precedem a sua saída da Casa Branca, em 20 de janeiro. Primeiro, o bilionário foi banido por Jack Dorsey, o CEO do Twitter, de sua rede social (como também foram outras 70 mil contas nesta segunda-feira, 11). Instagram, Facebook, Youtube e Snapchat ou suspenderam, ou limitaram as contas digitais do homem, que parece não ser o mais poderoso do mundo, como se pensava.

Depois, ainda neste domingo, 10, um aplicativo semelhante ao Twitter, mas muito usado por eleitores do presidente, o Parler, foi banido de plataformas de hospedagem, como a Amazon e a Apple, ficando impossível para os usuários baixarem o App. Em entrevista televisiva, o CEO do Parler, John Matze, disse que foi um golpe fatal para destruir de vez a sua empresa.

Na segunda-feira, 11, representantes democratas na Câmara dos Estados Unidos apresentaram uma proposta de impeachment contra Trump, que pode se realizar antes ou até mesmo depois do fim do mandato, por “incitação à violência”, citando a ocupação do Capitólio, em 6 de janeiro.

Os negócios de Trump também estão sofrendo impactos fortes: o Deutsche Bank (Banco da Alemanha), o principal credor do republicano, deixará de trabalhar com o presidente e com os empreendimentos ligados a seu nome. Na mesma direção, a plataforma de pagamento online “Stripe” disse que deixou de processar pagamentos para o site da campanha de Trump, segundo o Wall Street Journal.

Até o campo de golfe em que Trump joga se tornou um alvo: a Associação de Jogadores de Golfe dos Estados Unidos cancelou um dos mais prestigiados campeonatos no local, porque usar o campo de Trump seria “prejudicial para a marca”, disse o presidente do grupo, Jim Richerson.

Trump perdeu até mesmo diplomas honorários que recebeu em faculdades, como a Universidade Lehigh, na Pensilvânia, e a Wagner College, em Staten Island. Em duro golpe, o advogado Rudy Giuliani pode ser banido da Ordem dos Advogados de Nova York, por ter defendido Trump: um claro recado a todos aqueles que pensem, futuramente, em advogar pelo político.

O circo está se fechando de todos os lados, mas não é a primeira vez que o céu fica escuro para o empresário perspicaz: ele já foi da riqueza à falência, e da falência ao sucesso, novamente. A força de Donald Trump está na sua característica pessoal: não desistir fácil. De duas, uma: ou tudo isso se justifica por ele ser um grande criminoso, ou por aterrorizar os seus opositores, pela sua influência.

Imagem: John Minchillo/AP 

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Tribunal Penal Internacional emite mandado de prisão contra Netanyahu e líder do Hamas por crimes de guerra

O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu, nesta quinta-feira, 21, mandados de prisão internacional para o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o ex-ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, e o líder do Hamas, Mohammed Deif, por supostos crimes de guerra e contra a humanidade.
 
Os mandados foram expedidos após o procurador do TPI, Karim Khan, ter solicitado a prisão deles em maio, citando crimes relacionados aos ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023 e à resposta militar israelense em Gaza. O TPI afirmou ter encontrado “motivos razoáveis” para acreditar que Netanyahu e Gallant têm responsabilidade criminal por crimes de guerra, incluindo a “fome como método de guerra” e os “crimes contra a humanidade de assassinato, perseguição e outros atos desumanos”.
 
Netanyahu e Gallant são acusados de terem privado intencionalmente a população civil de Gaza de bens essenciais à sua sobrevivência, como alimentos, água, medicamentos, combustível e eletricidade, entre outubro de 2023 e maio de 2024. Essas ações resultaram em consequências graves, incluindo a morte de civis, especialmente crianças, devido à desnutrição e desidratação.
 
Mohammed Deif, líder militar do Hamas, também foi alvo de um mandado de prisão. O TPI encontrou “motivos razoáveis” para acreditar que Deif é responsável por “crimes contra a humanidade, incluindo assassinato, extermínio, tortura, estupro e outras formas de violência sexual, bem como crimes de guerra de assassinato, tratamento cruel, tortura, tomada de reféns, ultrajes à dignidade pessoal, estupro e outras formas de violência sexual”.
 
Os mandados de prisão foram emitidos para todos os 124 países signatários do TPI, incluindo o Brasil, o que significa que os governos desses países se comprometem a cumprir a sentença e prender qualquer um dos condenados caso eles entrem em territórios nacionais.
O governo israelense rejeitou a decisão do TPI, questionando a jurisdição do tribunal sobre o caso. No entanto, os juízes rejeitaram o recurso por unanimidade e emitiram os mandados. O gabinete de Netanyahu classificou a sentença de “antissemita” e “mentiras absurdas”, enquanto o líder da oposição, Yair Lapid, a chamou de “uma recompensa ao terrorismo”. O ex-primeiro-ministro israelense Naftali Bennett também criticou a decisão, considerando-a uma “vergonha” para o TPI.
O conflito na Faixa de Gaza, que se arrasta há mais de um ano, deixou milhares de mortos e devastou a região. A decisão do TPI simboliza um avanço na responsabilização por crimes graves, embora sua eficácia prática seja limitada, dado que Israel e os Estados Unidos não são membros do TPI e não reconhecem sua jurisdição.

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