A comunidade da Favela do Esqueleto, localizada a poucos metros do icônico Maracanã, ganhou destaque por sua história peculiar e resistência frente aos desafios impostos pelo poder público. Surgida na década de 1930 ao redor de uma estrutura inacabada de um hospital, a região atraiu famílias de trabalhadores de baixa renda do Ministério da Fazenda, que passaram a ocupar tanto o prédio quanto o entorno, desmistificando a ideia de uma ocupação improvisada.
A historiadora Emanuelle Torres Costa, da Universidade Federal Fluminense (UFF), ressalta a complexidade da origem da comunidade, destacando que alguns moradores chegaram a pagar aluguel pelo solo ocupado. Apesar de haver divergências sobre a administração do terreno após a paralisação da obra, a presença dos trabalhadores do Ministério da Fazenda se destaca como parte integrante da formação da Favela do Esqueleto.
A precariedade das moradias na região era evidente, com casas em sua maioria construídas com materiais simples e sem infraestrutura adequada. A localização estratégica da Esqueleto, próxima a oportunidades de trabalho e ao Centro do Rio, despertou o interesse do poder público, que já na década de 1940 classificava a área como “removível” devido à insalubridade, justificativa que mudaria para a questão da violência com a crescente militarização do Estado nos anos seguintes.
A remoção da favela teve início em 1962 e se consolidou em 1964, durante o governo de Carlos Lacerda, culminando na transferência das famílias para áreas periféricas como a Vila Kennedy. Os impactos sociais da remoção foram significativos, resultando na perda de empregos, longos deslocamentos ao trabalho e a interrupção das redes comunitárias estabelecidas ao longo dos anos.
A história da Favela do Esqueleto evidencia a política de remoção de favelas adotada no Rio no século 20, revelando a transformação urbana imposta pela mudança do terreno ocupado pela comunidade para a construção do campus da Uerj. Memórias preservadas por pesquisadores, arquivos e antigos moradores mantêm viva a história de uma comunidade que resistiu às pressões e desafios da modernização urbana.




