A redenção do dia: fim de tarde em Goiânia ainda é belo

Um jornalista na segunda-feira é um coitado perturbado. No trabalho, hoje, houveram notícias de assassinatos frios, vinganças inescrupulosas, estupros vergonhosos e desastres da natureza. “Que dia pesado!”, exclama o redator do jornal, sentindo o peso do mundo por detrás do visor de seu computador.

Mas às seis e meia da tarde, algo misterioso começa a acontecer no céu, diante de sua janela: a luz se avermelha, o sol se esconde por detrás das nuvens azuladas e somente os raios luminosos são vistos ecoando delicados por detrás delas. E este céu, de segunda-feira, nunca se repetiu: é um encantamento diferente, a cada semana.

Pois bem, o jornalista pensa: “Como pode um céu tão belo nos cobrir depois de tudo o que fizemos hoje?”. O jornalista, que não sabe responder, formula outra pergunta: “Como pode o calor do sol nos aconchegar tanto, se ele sabe quem somos?”.

Se a chuva cai sobre bons e maus, decerto que o sol também divaga sobre culpados e inocentes, e aquece ambos. E o pobre jornalista ainda não compreende a caridade do firmamento. Mesmo assim, no fim do dia, ele sabe de uma coisa apenas: “A luz ainda acredita em nós”.

E assim ele dorme tranquilo para a terça-feira, de coração lavado pela visão do paraíso. Porque ele vê que a redenção do mundo não está assim tão distante: basta olhar para o alto.

Imagem: pôr do sol no bairro Goiânia II

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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