A vida começa a voltar às ruas de Vitória

As ruas da Grande Vitória, no Estado do Espírito Santo, voltaram a ficar mais movimentas neste domingo, após nove dias de uma paralisação da Polícia Militar que resultou em 144 homicídios. Apenas 250 policiais fardados estão patrulhando as ruas da região metropolitana de Vitória e grande parte dos moradores ainda se sente insegura. Ainda assim, os ônibus voltaram a circular das 7h às 17h, as praias e bares voltaram a ficar ocupados e a Federação do Comércio sugeriu que os comerciantes reabram os negócios nesta segunda-feira. Segundo um comunicado da entidade, os empresários devem voltar ao trabalho “munidos de coragem, guarnecidos que estarão pelas forças federais, preparadas para repelirem toda a sorte de desordem praticadas por pessoas irresponsáveis”.

“Comecei a sair neste fim de semana. Hoje tive coragem de vir à praia, mas ainda estou com medo porque você não vê policiais nas ruas. Mas acho que estava todo mundo tão cansado de ficar em casa trancado que, quando chegou o fim de semana, as pessoas se animaram a sair”, conta Brunella Pivetta, uma publicitária de 27 anos. “Estamos tentando voltar para a normalidade, mas ainda estamos com medo”.

Outras centenas de pessoas também se animaram a sair de casa neste domingo para, vestidos de branco e segurando balões, fazer uma caminhada na orla da praia de Camburi, em Vitória, e pedir paz no Espírito Santo. “Queremos que parem essa guerra. Estamos trancadas em casa há dias. Algum lado desse cabo de guerra entre o PMs e o Governo precisa ceder”, afirma a aposentada Anceley Gonçalves, que veio do município de Serra, na Grande Vitória, para participar da manifestação que foi promovida por lideranças locais e igrejas. A irmã dela, Vânia Gonçalves, disse estar esgotada com o caos desencadeado no Estado. “Se o único problema é o salário dos PMs, aumentem o imposto que estou disposta a pagar pela minha liberdade”, sugeriu.

Segurando um cartaz que pedia mais segurança nas periferias, Alessandra Toledo explicava que foi ao ato para pedir medidas ao longo prazo. “Uma passeata com discurso de paz pode servir apenas de palanque político. Levamos nossa preocupação com políticas de inclusão que serão capazes de trazer a paz para todos. Daqueles que enchem o calçadão e os que vivem na periferia. Precisamos de políticas inclusivas para um estado seguro de fato. Não queremos apenas um cessar de violência nessa semana”, explicou. Para ela, a crise instaurada na segurança pública no Estado não aconteceu da noite para o dia. “A culpa é, em grande parte, do Estado, que não teve a capacidade de negociar com a PM antes que uma medida radical, como a paralisação, fosse tomada”, afirmou.

O prefeito da cidade de Vitória, Luciano Rezende (PPS), também participou da marcha e estimou que cerca de 5.000 pessoas estiveram presentes na caminhada na manhã desta segunda. “Os serviços estão voltando ao normal, a prefeitura fazendo sua ação, a guarda Nacional, o Exército, as guardas municipais trabalhando. Nós vamos retomando a rotina, basta de medo paralisante, nós estamos na rua para mostrar isso”, afirmou o prefeito.

Alguns policiais militares foram vistos no ato em Vitória, já que, desde a tarde de sábado, alguns agentes retornaram às ruas, atendendo ao chamado do comando geral da PM. Na noite de sábado, helicópteros foram usados para retirar alguns PMs que queriam voltar a trabalhar de dentro do Quartel do Comando Geral da capital.

Greve continua

Segundo a Secretaria de Segurança Pública (Sesp), 875 policiais atenderam ao chamado operacional, neste domingo, e se apresentaram para trabalhar no Estado capixaba. Mesmo com o retorno de alguns PMs às ruas, as mulheres dos agentes continuam em frente a batalhões da Grande Vitória e a greve não foi finalizada. Além dos 250 PMs patrulhando a região metropolitana de Vitória, há outros 275 no sul do Estado e 350 na região norte. Grande parte dos agentes estão atuando a pé. O efetivo no Estado é de 10.000 policiais, mas apenas 2.000 saem de forma escalonada às ruas diariamente. Nos últimos dias, mais de 3.000 homens das Forças Armadas e da Força Nacional foram convocados para reforçar a segurança no Estado.

A psicóloga Lívia Nunes, de 25 anos, conta que o restaurante onde trabalha voltou a abrir as portas na última sexta-feira, na praia do Canto, também em Vitória. “Mas contrataram seguranças privados para ficar na porta”, explica. Já Neuza de Jesus, que tem uma barraquinha de açaí na praia da ilha do Boi, só teve coragem de sair de casa e voltar a trabalhar neste domingo. “Ainda vim depois de meio dia porque queria estar segura que estava tudo tranquilo por aqui. Nessa semana morreu gente demais”.

Nesta segunda-feira, algumas repartições públicas já anunciaram o retorna às atividades. A Secretaria de Estado da Educação (Sedu) também informou a volta às aulas nas escolas da rede estadual.

Fonte : El país

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Israel ataca aeroporto no Iêmen com diretor da OMS presente no local

Israel realizou ataques aéreos nesta quinta-feira, 26, contra o aeroporto internacional de Sanaa, capital do Iêmen, e outros alvos controlados pelos rebeldes huthis. As operações, que deixaram pelo menos seis mortos, ocorreram após os disparos de mísseis e drones pelos huthis contra Israel. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que o objetivo dos ataques é enfraquecer o que chamou de “eixo do mal iraniano”.

Os bombardeios atingiram o aeroporto de Sanaa e a base aérea de Al Dailami, além de instalações militares e uma usina de energia em Hodeida, no oeste do país. Testemunhas relataram ao menos seis ataques no aeroporto, enquanto outros alvos incluíram portos nas cidades de Salif e Ras Kanatib. Segundo o Exército israelense, as estruturas destruídas eram usadas pelos huthis para introduzir armas e autoridades iranianas na região.

Durante o ataque ao aeroporto de Sanaa, o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, estava presente. Apesar dos danos e vítimas relatados, Tedros afirmou estar “são e salvo”. No entanto, um membro da tripulação de seu avião ficou ferido. A comitiva da OMS e da ONU que o acompanhava não sofreu ferimentos graves.

O Irã, aliado dos huthis, condenou os ataques israelenses, classificando-os como um “crime” e uma violação da paz internacional. Os rebeldes huthis também denunciaram os bombardeios, chamando-os de uma “agressão contra todo o povo iemenita”.

Desde 2014, os huthis controlam grande parte do Iêmen, incluindo Sanaa, após a derrubada do governo reconhecido internacionalmente. A guerra, que se intensificou com a intervenção de uma coalizão liderada pela Arábia Saudita, transformou o conflito em uma das maiores crises humanitárias do mundo.

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