O recurso apresentado pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) solicitando o desbloqueio da investigação contra o padre Robson de Oliveira contém depoimentos de cinco pessoas apontadas como “laranjas” do suposto esquema articulado por ele para desviar dinheiro da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe). A ação está trancada por ordem da Justiça, que entendeu não haver indício de crime.
Com o recurso, juridicamente chamado de “embargos de declaração”, o MP requer a continuidade da investigação contra o padre por supostos desvios na Afipe. Os promotores de Justiça investigavam os crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, lavagem de capitais e apropriação indébita.
Depoimentos
Entre os cinco depoimentos listados, há o de Celestina Celis Bueno. Ex-doméstica da Afipe, se tornou pessoa de confiança do padre Robson. Na época, tinha salário de pouco mais de R$ 1 mil, mas fez transações de mais de R$ 4 milhões, além de se tornar dona de emissoras de rádio, um avião e uma casa na praia.
Em depoimento, ela afirmou que abriu uma conta bancária a pedido de Rouane Azevedo, também diretora da Afipe e considerada “braço-direito” do pároco. No entanto, disse que não sabia dos valores movimentados nela, que não sabe quem a gerenciava e que nunca recebeu cartão ou senha da mesma. Também alegou que não “imaginava” que era dona de rádios.
Outro a ser ouvido foi o servidor público Rodrigo Luiz Mendonza Martins Araújo. Também convidado a integrar a diretoria da Afipe, ele revelou ter recebido uma proposta do ex-diretor jurídico da entidade, Anderson Reiner, para comprar um imóvel e ajudar a família do padre. No caso, os valores de R$ 400 mil seriam para adquirir uma casa para a irmão do religioso.
Ele afirmou que Reiner teria conseguido a ele um empréstimo de mais de R$ 1,5 milhão e depositado em uma conta sua para que pudesse pagar o imóvel. Porém, posteriormente, a dívida foi passada para a Afipe.
O depoimento do padre Antônio Carlos Oliveira também aparece no documento. Membro da diretoria da Afipe a pedido de Robson, ele disse que não sabia ser sócio de uma rádio e que “nunca autorizou que outras pessoas utilizassem seu nome”.