‘Falta um pedaço’: familiares e amigos participam de missa em memória de acidente com ônibus que matou 10 romeiros no interior de SP
Acidente aconteceu na madrugada do dia 5 de julho de 2024, no quilômetro 171 da Rodovia Francisco da Silva Pontes (SP-127), em Itapetininga (SP), deixando dez mortos e mais de 40 pessoas feridas.
Familiares e amigos participam de missa em homenagem aos 10 romeiros que morreram no acidente com ônibus, em Itapetininga (SP) — Foto: Arquivo Pessoal / Cesar Felipe Morais Dias
Familiares e amigos dos 10 romeiros que morreram no grave acidente com um ônibus na Rodovia Francisco da Silva Pontes (SP-127), em Itapetininga (SP), participaram na noite deste sábado (5) de uma missa em homenagem às vítimas. A celebração foi realizada na Igreja Imaculada Conceição, no bairro Palmeirinha, em Ribeirão Branco (SP).
“Falta um pedaço. É difícil dizer que estamos bem”, desabafa César Felipe Moraes Dias, um dos sobreviventes da tragédia. Ele perdeu a esposa, a avó de seu filho e o avô, que era o organizador da viagem. O filho do casal, que tinha um ano e 11 meses na época, também estava no ônibus e sobreviveu.
“Nada do que a gente faça vai trazer os nossos familiares de volta. A minha família diz que eu sou muito forte, mas eu acho que foi o Conrado que me deu forças e deu forças para todos nós. A gente tem que seguir em frente”, disse ele ao DE.
César Felipe Moraes Dias, que perdeu a esposa no acidente, lê o salmo durante a missa em Ribeirão Branco (SP) — Foto: Arquivo pessoal / Cesar Felipe Morais Dias
Hoje, Conrado está com quase três anos. Segundo o pai, chorou os três primeiros dias após o acidente, mas depois parou, talvez por ainda ser muito pequeno para entender. Ainda assim, sabe quem é a mãe. “Ele vê fotos, vídeos, aponta. A mãe está presente na rotina dele. E a rede de apoio tem sido fundamental. Ele tem algumas mães postiças, como a avó materna, a tia e a babá, que é muito próxima”, contou.
Apesar do acolhimento familiar, o vazio permanece. “A falta da Yolanda no dia a dia é enorme. As datas comemorativas, que eram momentos de união, deixaram de ser celebradas. Natal, aniversário, Dia das Mães, Ano Novo… Nada foi mais como antes.”
A maioria das vítimas do acidente que matou 10 pessoas em Itapetininga (SP) eram da mesma família, moradores de distrito de Ribeirão Branco (SP) — Foto: Beatriz Pereira/g1
César também critica o tratamento dado às famílias por parte da empresa responsável pela viagem. Segundo ele, os familiares de algumas vítimas fatais foram procurados para acordos extrajudiciais, mas não aceitaram. Ele afirma que houve falta de empatia.
“Eu não queria um centavo, eu queria os meus familiares de volta. Mas como o tratamento foi muito frio, resolvemos entrar na Justiça. Agora queremos apenas receber aquilo que a Justiça entender que é nosso por direito”, afirmou.
Ônibus bateu em pilastra na SP-127 em Itapetininga (SP) — Foto: Mike Adas/TV TEM
De acordo com o delegado Agnaldo Nogueira Ramos, responsável pela investigação, o inquérito foi concluído e o motorista, João Batista Tadeu, de 64 anos, foi indiciado por dez homicídios culposos, quando não há intenção de matar, e pelas lesões corporais dos sobreviventes.
“Face às investigações, foi constatado que o condutor foi imperito. Ele perdeu o controle do coletivo, saiu da pista e colidiu com uma pilastra praticamente na mesma velocidade que vinha pela rodovia. Não havia sinais de frenagem, nem indícios de falha mecânica no veículo. O acidente foi causado por negligência e imprudência do motorista”, afirmou o delegado, em entrevista ao DE.
Local do acidente com ônibus de romeiros em Itapetininga (SP) após um ano — Foto: Carla Monteiro/g1
O QUE APONTOU A PERÍCIA POLICIAL SOBRE O ACIDENTE:
– O motorista perdeu o controle do ônibus e saiu da pista;
– O coletivo colidiu com uma pilastra praticamente na mesma velocidade em que trafegava na rodovia e não estava acima da velocidade;
– Não foram identificados sinais de frenagem no asfalto;
– O veículo não apresentava falhas mecânicas;
– Exames toxicológicos do motorista deram resultado negativo.
“A conclusão foi de que o acidente foi causado por imperícia, imprudência e negligência do condutor”, esclareceu o delegado.
A empresa segue prestando apoio às vítimas e às famílias dos passageiros que morreram, com atendimento psicológico custeado pela própria Ônix Turismo.