O número de acidentes de trânsito em Goiânia aumentou 769,3% nestes primeiros nove meses de 2022, na comparação com o mesmo período do ano passado. Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) de Goiás mostram que a capital foi palco de 25.177 acidentes até esta segunda-feira, 26. Ou seja, a secretaria registrou 95 acidentes por dia e quatro por hora. Em 2021 foram 2.896 ocorrências.
Ainda de acordo com a SSP, quase 40 mil veículos estiveram envolvidos de alguma forma nos acidentes, sendo que o campeão, na capital, é o Gol. Só em 2022, o modelo já se envolveu em 875 acidentes no município. Em seguida, aparece o Onix com 612 registros.
Vítimas fatais
O número de vítimas fatais também surpreende. Conforme dados da Delegacia de Trânsito de Goiânia (DICT), a especializada registrou 140 vítimas fatais no trânsito de Goiânia este ano, sendo que 79 das vítimas eram motociclistas. Ou seja, 56,4% de todas as mortes no trânsito da capital envolvem a categoria.
Capital não suporta veículos
O número expressivo de acidentes pode ser um reflexo do intenso fluxo de veículos que rodam na capital. Para se ter uma ideia, o estado de Goiás possui 4.435.832 veículos, de acordo com o Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN). Destes, 1.296.933 (29,2% do total) estão concentrados em Goiânia. O número de veículos também corresponde a 83,3% de todos os moradores de Goiânia, conforme o censo 2021 divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para o conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (CREA), Ricardo Ferreira, a infraestrutura da cidade não consegue suportar a quantidade de veículos que rodam nas vias diariamente. Ele diz ainda que é necessário investir em planejamento, não apenas em construir vias e pontes.
“Quanto maior a quantidade de veículos, maior será a incidência no trânsito. Goiânia, por exemplo, tem alguns problemas crônicos. A gente ainda não conseguiu afastar o tráfego pesado da BR-153 do centro urbano, assim como na Perimetral Norte. A BR-153 é a via com o maior número de acidentes na capital. Isso é um reflexo desta infraestrutura equivocada”, explicou.
Melhorias
Ainda de acordo com Ricardo, uma alternativa para diminuir o número de acidentes e, consequentemente, melhorar o trânsito, seria investir no transporte público, a fim de que o motorista deixe o carro em casa para pegar o ônibus.
Porém, com a irregularidade e a má prestação de serviço por parte das companhias faz com que o motorista prefira pagar mais caro, além de correr riscos. A implantação de um anel viário em Goiânia também seria outra forma de desafogar o trânsito da capital, assim como o investimento em outros meios de transporte, como bicicletas públicas.
“É preciso ter uma política, uma gestão mais disciplinada da quantidade e da forma de se deslocar das pessoas dentro do ambiente urbano. Se não, será uma corrida sem sucesso. A quantidade de infraestrutura nunca será tão grande quanto a quantidade de veículos que são colocados em trânsito. Goiânia neste ponto está atrás de algumas cidades como Anápolis e Aparecida de Goiânia”, explicou.