Acusado de ser lobista no MEC, pastor Gilmar Santos deve divulgar nota nas próximas horas

O pastor Gilmar Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil e pastor da Igreja Assembleia de Deus Cristo para Todos, no Jardim América, em Goiânia, não deve falar com a imprensa nesta quarta-feira (23) sobre a denúncia de que ele e o pastor Arilton Moura seriam lobistas junto ao Ministério da Educação (MEC), intermediando a liberação de verbas da pasta para municípios goianos. Segundo o genro dele, Wesley Costa, com quem o Diário do Estado falou nesta manhã, o pastor deve divulgar uma nota sobre o caso nas próximas horas.

Em novas revelações sobre a influência dos pastores no MEC e junto ao governo Bolsonaro – eles se encontraram algumas vezes com o presidente e participaram de solenidades, encontros e reuniões com o ministro Milton Ribeiro, que também é pastor da Igreja Presbiteriana – dão conta de que os dois pastores citados nas matérias dos jornais O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo têm negociado liberações de recursos federais para municípios mesmo não tendo cargos no governo e que o pastor Arilton Moura teria pedido 1 quilo de ouro para conseguir liberar recursos de obras de educação para o município de Luis Domingues, no Maranhão. A denúncia foi feita pelo prefeito da cidade, Gilberto Braga, do PSDB.

De acordo com a reportagem da Folha, em uma reunião dentro do MEC, o ministro Milton Ribeiro falava sobre o orçamento da pasta, cortes de recursos e liberação de dinheiro para obras quando afirmou que a prioridade era atender os municípios que mais precisavam e em segundo lugar “atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar. Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do Gilmar”.

Em seu perfil pessoal no Instagram, o pastor Gilmar Santos postou um vídeo com uma mensagem de fé no final da noite desta terça-feira (22), baseada no versículo 27 do capítulo 14 do livro de João: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”. Ao final, manda a todos um “abraço ungido”.

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Indiciado, Bolsonaro diz que Moraes “faz tudo o que não diz a lei”

Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta na rede social X, nesta quinta-feira (21), trechos de sua entrevista ao portal de notícias Metrópoles. Na reportagem, ele informa que irá esperar o seu advogado para avaliar o indiciamento. 

“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, disse o ex-presidente.

Bolsonaro também criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, criticou Bolsonaro.

Bolsonaro é um dos 37 indiciados no inquérito da Polícia Federal que apura a existência de uma organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo, em 2022, sucedendo ao então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais.

O relatório final da investigação já foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Souza Braga Netto.

Na última terça-feira (19), a PF realizou uma operação para prender integrantes de uma organização criminosa responsável por planejar os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.

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