Acusados de matar o jornalista Valério Luiz vão a júri popular na segunda-feira, 14

Praticamente dez anos depois de o jornalista Valério Luiz ser morto a tiros ao sair do trabalho, em Goiânia, os acusados de cometerem o crime, entre eles o conselheiro do Atlético Goianiense, Maurício Sampaio, serão levados a júri popular. O Plenário do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) analisa o caso na próxima segunda-feira (14).

O jornalista foi morto, aos 49 anos, no dia 12 de julho de 2012, quando saía da Rádio Bandeirantes 820 AM, onde trabalhava, no Setor Serrinha. Em 2019, o julgamento foi adiado, sob alegação de falta de estrutura para um caso que exigiria grande acomodação. Segundo o advogado de acusação e filho da vítima, Valério Luiz Filho, um dos auditórios do TJ-GO chegou a ser reformado na época, o que levou alguns meses. Então, ficou definida, pelo juiz Lourival Machado, da 4ª Vara de Crimes Danosos Contra à Vida, uma nova data.

Esta também foi adiada, mas por conta da pandemia. O advogado de acusação acredita que não haverá novo adiamento. “Como todos os recursos já foram esgotados, o Tribunal tomou o cuidado de reservar um lugar amplo para o julgamento, as testemunhas já foram intimadas, já está tudo certo. Não temos possibilidade de o júri ser adiado novamente”, afirma Valério Luiz Filho.

Suspeitos do assassinato de Valério Luiz

No processo, além de Maurício Sampaio, apontado como mandante do crime contra o jornalista, estão Urbano Carvalho, que trabalhava para Maurício e é acusado de contratar o policial que teria executado Valério; Djalma Gomes, PM que, segundo a acusação, trabalhava como segurança de Maurício e recebia favores por isso; o açougueiro Marcus Vinícius Pereira Xavier, que teria colaborado com o planejamento do crime; e ainda Ademá Figueiredo, PM acusado de fazer os disparos que mataram o jornalista. Maurício Sampaio chegou a ser preso, entre fevereiro e maio de 2013, mas aguarda o julgamento em liberdade.

“O inquérito confirmou que o motivo do crime foram as críticas que meu pai desferia contra o Atlético Goianiense, principalmente contra Maurício Sampaio, que era vice-presidente do clube na época. Depois, ele veio a ser presidente por dois mandatos. Hoje é conselheiro do Atlético. Nunca deixou o clube”, relata Valério Luiz Filho.

No inquérito policial, foram encontrados elementos suficientes para colocar os suspeitos de matar o jornalista na posição de indiciados. Na mesma linha, o Ministério Público entrou com denúncia, em fevereiro de 2013, iniciando a ação penal. A partir daí, houve audiências, testemunhas foram ouvidas, réus interrogados e advogados das duas partes reuniram provas. Em agosto de 2014, a Justiça decidiu que os acusados deveriam ir à júri popular, decisão confirmada, posteriormente, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Violência contra jornalistas

Em 2021, 428 jornalistas sofreram algum tipo de violência no Brasil, segundo relatório da Federação Nacional dos Jornalistas. Entre as agressões, 32,5% foram de censura e 6% de agressões físicas. (FENAJ). O presidente da república, Jair Bolsonaro, foi apontado como principal autor das agressões, se envolvendo diretamente em 147 casos.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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