Adélia Prado: reclusa em casa, mas ativa nas redes sociais, premiada poetisa mineira faz 89 anos
A renomada escritora vive de forma discreta em Divinópolis, sua cidade natal, cercada por livros, amigos e familiares. Reportagens do Diário do Estado mostram sua jornada literária, suas fontes de inspiração e a profunda conexão com a poesia e a cultura mineira.
Nesta sexta-feira (13), a poetisa mineira Adélia Prado celebra 89 anos. Reconhecida nacional e internacionalmente, em 2024 ela foi agraciada com o Prêmio Camões e o Prêmio Machado de Assis, consolidando sua relevância no mundo literário. A escritora mantém uma vida discreta em Divinópolis, no Centro-Oeste de MG, sua cidade natal, rodeada por livros, amigos e familiares.
Apesar de sua reclusão, a escritora tem buscado se conectar com um público cada vez maior através das redes sociais. Desde outubro de 2023, Adélia começou a compartilhar seus poemas na internet, cativando um grande número de admiradores, com mais de 100 mil seguidores em apenas uma rede social.
“A mulher do povo, mãe de filhos, Adélia” é também contista, poetisa, professora e filósofa. “A poesia é um rastro de Deus na brutalidade das coisas”, reflete a essência que consegue transmitir delicadamente por meio de seus livros.
Em 2002, o programa Revista Semanal, do Diário do Estado, exibiu uma reportagem com Adélia em homenagem ao centenário de Carlos Drummond de Andrade, confirmando sua influência literária pelo grande poeta mineiro. Com ele, trocava cartas e encontrou suas primeiras inspirações literárias.
Seu primeiro livro, Bagagem, foi lançado em 1976. A amizade com Drummond foi marcada por cartas que Adélia mantém em sigilo, por reserva e respeito mútuo. Adélia e Drummond se encontraram poucas vezes, porém ambos expressaram em palavras a essência do povo mineiro.
Em 2008, em uma nova entrevista com o Diário do Estado, Adélia demonstrou sua paixão pelas palavras e reflexões. Ela presenteou a equipe com a declamação de um de seus poemas do livro Bagagem, mostrando sua conexão com a simplicidade e a beleza da poesia.
A arte de Adélia também foi levada aos palcos por Fernanda Montenegro, em um monólogo em 1987, onde a poesia da escritora foi interpretada teatralmente com grande sucesso. Os versos foram apresentados na íntegra, surpreendendo a própria Adélia. A poetisa mineira revela que a arte é capaz de refletir a alma e emocionar.
A constatação de que a obra de arte é capaz de espelhar a alma é mais que uma reflexão “adeliana” – um neologismo inevitável ao escrever sobre Adélia Prado. É também uma forma de dizer, na simplicidade que a poesia ensina, que ela aproxima, diverte, provoca e emociona. Adélia Prado, com sua escrita única e sensível, continua a encantar gerações de leitores com sua poesia atemporal.