Adolescente de abrigo é adotado por colega de trabalho em SC: uma história de amor e superação

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Adolescente que morava em abrigo é adotado por colega de trabalho que virou figura paterna em SC

Jovem de 17 anos teve o vínculo com pais biológicos rompido após decisão judicial. Ele conheceu o colega que o adotou enquanto trabalhava como aprendiz em mercado.

Enquanto morava em um abrigo, um adolescente de 17 anos viu a vida mudar após uma nova amizade. O jovem começou a trabalhar como aprendiz em um mercado e conheceu um colega de 31 anos que agora é oficialmente uma figura paterna para ele.

Essa história ocorreu em Criciúma, no Sul de Santa Catarina. No final de agosto, a Vara da Infância e Juventude da cidade reconheceu a adoção. Os nomes dos envolvidos não foram divulgados para preservar a identidade deles.

PASSADO

A defensora pública Ludmila Maciel foi procurada pelo agora pai para ajudar na parte judicial. Ela contou que a mãe do adolescente morreu enquanto ele ainda era um bebê e o pai era usuário de droga. A avó ficou responsável pelos cuidados da criança. Porém, não estava fazendo um bom trabalho.

“Ele até foi acolhido desnutrido”, disse a defensora. Em um primeiro momento, o garoto foi novamente devolvido à avó, que havia se comprometido a mudar. Porém, não seguiu as recomendações e o menino voltou para o abrigo.

MUDANÇA DE VIDA

Após a manifestação do futuro pai em adotar o adolescente, foram dados os próximos passos judiciais. “A equipe técnica do abrigo já havia feito uma avaliação inicial e indicado que o colega de trabalho tinha condições de assumir a guarda”, contou a defensora.

Com essa avaliação, o juiz deu a guarda para o novo pai e para o então companheiro dele. “A Defensoria orientou que, após consolidada essa guarda, fosse ajuizado o pedido de adoção”, relatou Maciel.

A relação entre o adolescente e o futuro pai foi marcada por cuidados cotidianos, incentivo à autonomia, acompanhamento escolar e apoio emocional, características reconhecidas pela equipe técnica que avaliou o caso.

Seis meses depois, já separado, o guardião procurou a instituição e confirmou o desejo de adotar sozinho. A partir disso, a Defensoria Pública fez a petição inicial e acompanhou o processo judicial, que durou cerca de quatro meses.

No processo, foram apresentados relatórios sociais e laudos psicológicos que demonstraram o vínculo entre o guardião e o adolescente. O próprio jovem declarou ao juiz o desejo de ser adotado, conforme a Defensoria Pública.

A Justiça também acolheu o pedido de alteração do nome, permitindo que o jovem passasse a incluir o sobrenome do novo pai.

Com a adoção definitiva, o adolescente passa a ter todos os direitos e deveres de filho, inclusive sucessórios.

SITUAÇÃO RARA

A defensora pública disse que a adoção feita por um colega de trabalho é uma situação rara.

“O que chamou atenção foi justamente a singularidade dessa história. Um adolescente que, pela idade, já não tinha perspectivas reais de adoção, encontrou na convivência cotidiana do trabalho um laço familiar verdadeiro, que foi reconhecido e protegido pelo Judiciário”.

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