Adriana Accorsi: Goiás não é seguro para mulheres

“Chega de falar: Homem não chora! Vocês não tem ideia do desfavor social, emocional, ético e psicológico que estão provocando em seus filhos. Vamos acabar com a cultura do machismo e ao invés de ditar regras mentirosas, vamos espalhar amor, igualdade, respeito e liberdade. Porque o machismo é a maior causa de violência contra a mulher”

A deputada estadual Adriana Accorsi (PT) afirma que o Estado de Goiás não é seguro para as mulheres e que teme as consequências do aumento significativo de casos de feminicídio no Estado nos últimos dois anos. “Goiás é o segundo estado com maior número de feminicídios no País, de acordo com o Mapa da Violência, com aumento de mais 80% dos casos no último ano. Em 2016 foram 17, em 2017, 31”, afirmou.

Números que podem ser ainda maiores, de acordo com a deputada. “Goiás deve encabeçar essa lista em breve, infelizmente. Porque há muitos casos de feminicídio que estão com outra tipificação, porque a lei só tem três anos. Sei de casos que estão sendo, ou já foram julgados de que a causa morte foi violência doméstica, de gênero ou feminista e que não estão tipificadas como feminicídio”, completa.

A entrevista foi concedida no estúdio do Diário do Estado na sexta-feira, quando a deputada falou sobre violência contra a menina/mulher, feminicídio e diretrizes para mudar essa realidade em Goiás. A entrevista transmitida ao vivo nas redes sociais teve quase 24 mil visualizações no momento de sua transmissão.

A parlamentar, que tem histórico de militância em defesa das mulheres e dos professores, tem feito um trabalho de destaque na Assembleia Legislativa em prol do empoderamento feminino, contra o machismo, violência de gênero e equiparação salarial entre homens e mulheres. Adriana, que antes de ser deputada atuou como delegada da mulher, de proteção à Criança e ao Adolescente, completa 18 anos de Polícia Civil este mês, e conhece bem a realidade das delegacias e dos policiais em todo o Estado. Ela acredita que o governo do Estado deveria dar mais atenção em defesa das mulheres. “Para coibir e evitar o feminicídio em Goiás o governo precisa criar políticas públicas que aprimorem a legislação assegurando liberdade, autonomia, capacitação, trabalho, respeito e segurança à mulher vítima de violência”, avalia.

Na Assembleia, Adriana Accorsi preside a Comissão de Segurança Pública, onde tem promovido debates e ações para aumentar a participação feminina da política, palestras e eventos cujo tema é o combate à violência de gênero, feminicídio e cultura machista. De acordo com a petista, acaba se der sancionado pelo governador Marconi Perillo (PSDB), um projeto de combate à cultura do machismo nas escolas públicas de Goiás. “Nosso objetivo é aproximar a família da comunidade escolar e do próprio filho, que muitas vezes, tem uma educação machista em casa, que acaba se estendendo na escola. Os pais tem que entender que lavar louça, arrumar a cama ou simplesmente chorar, não faz do menino, menos homem”.

“Chega de falar: Homem não chora! Vocês não tem ideia do desfavor social, emocional, ético e psicológico que estão provocando em seus filhos. Vamos acabar com a cultura do machismo e ao invés de ditar regras mentirosas, vamos espalhar amor, igualdade, respeito e liberdade. Porque o machismo é a maior causa de violência contra a mulher”.

Patrícia Santana

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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