Sempre dizia que era a última vez’, relata advogada que perdeu quase R$ 200 mil
para falso pai de santo preso em SP
Suspeito é Hugo Rafael, conhecido como Pai Hugo de Oxalá. Ele é investigado por
estelionato e associação criminosa. Além dele, outras sete pessoas também foram
presas.
Uma advogada do RS afirma ter sido extorquida pelo falso pai de santo preso
preventivamente em São Paulo, nesta quinta-feira (16), por suspeita de chefiar
um esquema de estelionato religioso. A mulher, que prefere não se identificar, afirma que realizou dezenas de transferências bancárias que somaram quase R$ 200 mil para tentar reatar um relacionamento amoroso via trabalhos espirituais. (Saiba mais abaixo)
> “Os valores sempre aumentando, não cessava nunca. Ele sempre dizia que era a
> última vez. Daí me dizia um valor X, eu dizia: ‘só tenho tanto’, e ele: ‘pode
> ser’. Daí eu depositava e logo ele me chamava: ‘os orixás estão dizendo que
> você está mentindo para mim, que você tem condições, sim'”, relata.
O suspeito é Hugo Rafael, conhecido como Pai Hugo de Oxalá. Ele é investigado
por estelionato e associação criminosa. Além dele, outras sete pessoas também
foram presas.
DE e a RBS TV entraram em contato
com a defesa do pai de santo, que não retornou até a mais recente atualização
desta reportagem.
Conforme a Polícia Civil, o esquema envolvia diversos operadores financeiros,
que recebiam os valores em contas de diferentes bancos e repassavam para outros
integrantes do grupo, dificultando o rastreamento dos recursos.
Acesse o canal do DE RS no WhatsApp
Os perfis utilizados pelo grupo nas redes sociais somam milhares de seguidores e
exibem depoimentos de supostos clientes satisfeitos, muitos deles identificados
como influenciadores digitais que teriam sido contratados para gravar vídeos
promocionais.
A advogada que deu início à investigação contou aos policiais que enfrentava o
término de um relacionamento e que viu em uma rede social anúncio de uma suposta
“mãe de santo” que dizia ter o poder de “trazer o amor de volta” por meio de
rituais espirituais. Ela entrou em contato com a mulher em 29 de maio deste ano.
A mulher se apresentava como “Mãe Natasha”.
Mãe Natasha, que a polícia alega que é uma estelionatária, afirmou que poderia
resolver o problema amoroso mediante um ritual de “amarração” no valor de
R$ 300. A vítima fez o pagamento, mas, em seguida, a falsa mãe de santo alegou que
seria necessário um “trabalho de dominação de coração”, exigindo mais R$ 750.
Quando a vítima tentou desistir, foi informada de que o cancelamento não seria
possível porque os “nomes já estavam na mesa”, e que as entidades poderiam
puni-la caso interrompesse o processo. Foi então que começaram as ameaças.
No dia 30 de maio, entrou em cena o pai de santo que foi preso nesta quinta, que
dizia ser chefe do terreiro onde os trabalhos estariam sendo feitos. Em tom
autoritário, ele começou a intimidar a vítima, dizendo que ela estaria
“enganando as entidades” e que sofreria consequências se não fizesse os
pagamentos que eram exigidos.
A mulher, temendo ser exposta ao ex-companheiro, que os estelionatários
afirmavam conhecer, cedeu às ameaças e fez os pagamentos para diferentes contas
bancárias.
Em determinado momento, os estelionatários disseram que precisavam comprar um
bode preto para concluir um dos rituais, pedindo mais R$ 1,5 mil. Depois,
afirmaram que o dinheiro da vítima estava bloqueado pelo banco e que seria
necessário pagar taxas para a liberação dos valores.
Os suspeitos ainda enviaram prints falsos de conversas com supostos gerentes
bancários e até de um empresário que teria uma loja de carros, tentando dar
credibilidade às mentiras. Mesmo diante de sucessivos pagamentos e promessas não
cumpridas, as ameaças continuaram. O golpista dizia que “as entidades estavam
furiosas” e exigiam novos valores para “reforçar o trabalho espiritual”.




