A goiana Vercilene Dias é a primeira quilombola mestre em Direito do Brasil. Mas, essa não foi a única conquista dela. Na revista Forbes, especializada em economia e negócios, Vercilene apareceu numa seleta lista de “20 mulheres de sucesso”. Em março, o Diário do Estado fez matéria em comemoração ao Dia da Mulher, contando a história da advogada. Agora, o DE voltou a entrar em contato para saber o que mudou na vida de Vercilene desde a publicação.
Incentivo na comunidade quilombola
Orgulhosa de pertencer à comunidade quilombola, Vercilene detalha que ficou surpresa ao saber que seu nome estava na revista Forbes. O principal impacto após esse fato culminou no incentivo para outras mulheres negras e quilombolas a continuar trilhando passos de sucesso.
“Quando recebi a notícia, não acreditei. Só acreditei quando vi a publicação. Eu me lembro que estava em uma reunião quando recebi uma enxurrada de links. Fiquei imaginando que, de onde eu venho, essa oportunidade é única. Tantas mulheres jovens que não conseguiram chegar aonde eu cheguei veem em mim uma inspiração”, diz.
No entanto, Vercilene, que está na fase inicial do seu doutorado, salienta que isso não a tornou uma milionária da noite para o dia. Segundo ela, muitas pessoas pensam que, por ter aparecido na Forbes, isso seria uma consequência direta. Contudo, a goiana afirma que a estrutura social vigente impede que isso se torne realidade.
“A mudança foi o aumento de visibilidade na minha carreira, para a luta do movimento quilombola. Foi algo positivo para a autonomia e busca de sonhos de outras mulheres. Mas, falando economicamente, não mudou nada. Continuo a mesma Vercilene, vou para a comunidade de carona, ônibus, trabalho na roça com meu pai sempre que posso”, revela.
Daqui para frente, Vercilene sonha em ter a comunidade quilombola em geral titulada, vivendo tranquilamente e produzindo em seus respectivos territórios. Ela acredita que, no momento, é um sonho impossível. Porém, tem esperança de que, no futuro, isso possa se concretizar.