Advogado de 37 anos diz que ateou fogo em gameleira histórica do DE como uma ‘brincadeira infeliz’
Árvore estava no local há quatro décadas e, após fogo, terá de ser removida. Morador da quadra pode pegar até 11 anos de prisão; ele diz que se arrependeu e acionou bombeiros.
Um advogado de 37 anos admitiu à Polícia Civil do Distrito Federal nesta quinta-feira (16) que colocou fogo na gameleira que estava, há quatro décadas, plantada em uma ponta da entrequadra 704/705 da Asa Norte. O homem tinha sido identificado pela polícia a partir das imagens de câmeras de segurança do local. Ele prestou depoimento à 2ª Delegacia de Polícia (Asa Sul) e disse que ateou fogo no tronco como uma “brincadeira infeliz”.
Nas imagens, o homem aparece acompanhado por uma criança. É possível ver o clarão provocado pelas chamas. No depoimento à polícia, o advogado disse que estava acompanhado do filho. E que, quando as chamas se alastraram pelo tronco, ele se arrependeu e acionou o Corpo de Bombeiros do DF. O homem foi indiciado por crimes ambientais, incêndio e dano qualificado – se condenado, as penas podem chegar a 11 anos de prisão.
Na tarde desta quinta, funcionários da Novacap continuavam serrando partes do tronco incendiado para remover a árvore. O trânsito na região está desviado até a retirada completa – o que ainda não tem data para acontecer. Em fevereiro de 2024, toda a copa da gameleira foi podada após técnicos identificarem que a planta estava morte – e, por isso, corria risco de desabar. Segundo a Novacap, na época, os moradores da quadra foram contrários à retirada do tronco.
O incêndio teve início na madrugada de segunda-feira (13) e foi controlado pela manhã, após uma força-tarefa dos bombeiros com dois caminhões e uso de hidrantes da rua. No entanto, as chamas continuaram ardendo dentro do tronco por mais dois dias, exigindo o monitoramento contínuo dos bombeiros até o resfriamento total. Durante esse período, o trânsito na região foi parcialmente interditado e moradores ficaram em alerta, temendo novos focos de incêndio.
Nesta quinta, a Novacap começou a retirar os pedaços da árvore com uso de serras elétricas e escavadeiras. Parte da madeira será triturada e usada como adubo em jardins públicos. O restante, se estiver em boas condições, poderá ser vendido em leilões, junto com outras árvores recolhidas pela companhia. A previsão é que o trabalho seja concluído até sexta-feira (17). Após essa etapa, será feita uma nova operação para remover as raízes. Por ser uma espécie exótica, a gameleira não será substituída por outra da mesma espécie.
A gameleira de quatro décadas viu seu fim começar há cerca de um ano, quando a Novacap podou todos os galhos pelo risco de queda deles sobre os carros e as pessoas que circulam na região. Segundo a estatal, o tronco seria retirado logo depois da poda, uma vez que a árvore já poderia ser considerada “morta”. Porém, os moradores e comerciantes pediram que a Novacap deixasse o que sobrou da gameleira ali, de maneira a lembrar a sombra da árvore que um dia já existiu ali. A empresa disse que não é possível dizer a data exata em que a árvore foi plantada e nem quem teria feito isso. Mas dá para afirmar que ela foi colocada ainda nos primeiros anos da cidade — mesma época em que outras gameleiras, como a da L2 Norte, na quadra 406, foram cultivadas.