Em uma audiência virtual realizada na quinta-feira, 24, um cliente de um processo trabalhista no Paraná se escondeu debaixo de uma mesa em uma tentativa de enganar o juiz Thiago Mira de Assumpção Rosado, da 18ª Vara do Trabalho de Curitiba. O incidente ocorreu durante uma sessão em que o cliente não deveria estar no mesmo ambiente que seu advogado, Robison de Almeida Albuquerque Maranhão, de acordo com a legislação.
O juiz desconfiou que o homem estava na mesma sala que o advogado e pediu que Maranhão mostrasse todo o ambiente. Maranhão alegou inicialmente que o cliente estaria em um andar inferior do escritório, mas o cliente, sem notar que estava sendo transmitido, caminhou e se escondeu debaixo de uma mesa, registrando a ação em vídeo.
“Por que ele entrou debaixo da mesa, doutor? Poxa, vocês estão de brincadeira com o juiz aqui. Só pode ser piada mesmo. Doutor, eu vou oficiar a OAB, é uma palhaçada e uma falta de respeito,” repreendeu o juiz Rosado, suspendendo a audiência e determinando a programação dos depoimentos das testemunhas para uma data futura, de maneira presencial.
O Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR) informou que o juiz irá “oficiar formalmente à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para que apure a conduta do advogado, que tentou ludibriar o magistrado e, consequentemente, a Justiça do Trabalho”. A Corte destacou que o cliente, ao se esconder embaixo da mesa, teve a possibilidade de ouvir o depoimento da autora, o que contraria os dispositivos legais.
O advogado da outra parte envolvida na ação, Vitor Benin, classificou o flagrante como “uma situação inusitada”. O caso trata de um pedido de pagamento de verbas rescisórias no valor de R$ 20 mil apresentado pela mulher representada por Benin. O homem que se escondeu é sócio da empresa envolvida no imbróglio.
Especialistas apontam que o advogado pode ser suspenso por sua conduta, considerada uma grave violação das regras processuais. O artigo 385 do Código de Processo Civil (CPC) prevê que as partes não podem estar no mesmo ambiente durante os depoimentos para evitar interferência nas oitivas.
Em nota, a OAB informou que investigará o caso e que “não compactua com nenhum tipo de falta de ética e abuso de direitos no exercício profissional”.