Agência de intercâmbio em São Paulo deixa estudantes no prejuízo com encerramento repentino.

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Estudante de Sumaré descobre que agência contratada para intercâmbio não pagou escola irlandesa

Técnico de enfermagem afirma ter investido cerca de R$ 20 mil em intercâmbio para Dublin, na Irlanda. Agência da capital anunciou o encerramento das atividades em maio deste ano.

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Agencia de intercâmbio encerra atividades sem aviso prévio e deixa alunos no prejuízo.

Ex-clientes da Vital Intercâmbios Brasil, que oferecia pacotes de cursos de idiomas e trabalho em Dublin (Irlanda), denunciam prejuízos financeiros após o encerramento das atividades da empresa em maio. Entre as vítimas, um técnico de enfermagem de Sumaré (SP) que descobriu que apesar de ter quitado o intercâmbio com a empresa, a agência não repassou os valores à escola irlandesa.

A agência tinha a sede no bairro da Consolação, em São Paulo (SP). Assim como Gabriel Augusto, mais vítimas alegam que ao entrarem em contato com as escolas que estudariam na Irlanda — segundo orientação do comunicado emitido pela própria Vital em seu site — descobriram que os valores pagos não foram repassados para as instituições de ensino.

Gabriel, de 29 anos, conta que fechou um pacote de oito meses com a empresa em janeiro de 2024. Ele descobriu que a escola irlandesa que estudaria só havia recebido o valor da matrícula – enquanto pagou cerca de R$ 20 mil pelo pacote.

Em entrevista à EPTV, emissora afiliada da TV Globo, Gabriel explicou que pesquisou bastante antes de fechar o negócio e realizar o sonho de aprender inglês no exterior. Desde o fim do ano passado, o jovem percebeu uma mudança no atendimento da empresa.

“Eu comecei a achar meio estranho quando eles diminuíram a frequência de mensagens comigo, e as pessoas com quem eu tinha conversado no começo do acordo, do contrato, tinham um que não me respondia”, explica Gabriel.

Após quitar viagem, morador de Sumaré (SP) descobre que agência contratada não repassou valor para escola irlandesa.

Sem receber nenhum aviso, o cliente só descobriu que a Vital tinha encerrado as atividades quando abriu o site e viu o anúncio. Ele foi orientado pela própria agência a entrar em contato diretamente com a escola irlandesa que ele teria contratado.

“[A escola irlandesa] me informou que a escola tinha apenas pagado a minha taxa de matrícula de 150 euros, mas eu ainda tinha aberto uma taxa do curso de 1.655 euros, que a agência não repassou pra escola”, relata o rapaz.

Gabriel tentou contatar a agência por e-mail e telefone, mas afirma que não chegou a ter nenhum retorno. Além disso, ele chegou a abrir uma reclamação no Procon.

O jovem não tem ideia de onde está o dinheiro que investiu, mas tem esperança de reaver o valor e prosseguir com os seus planos.

“Eu ralei muito pra pagar e quitar esse intercâmbio, e estar passando por outra barreira assim, pra poder concretizar isso, é meio frustrante. Eu gostaria que pelo menos o dinheiro de volta eu pudesse ter, pra eu, sei lá, dar continuidade nisso”, finaliza.

Aplicativo de celular do Procon Campinas.

Segundo o Procon, até o momento, foram registradas 24 reclamações contra a empresa no Estado de São Paulo. Além disso, um grupo em um aplicativo de mensagens reúne cerca de 108 pessoas que alegam terem sido lesadas pela Vital Intercâmbios Brasil.

O órgão afirma que, neste caso, está orientando os clientes a buscarem o poder judiciário direto. Assim, será possível solicitar uma liminar e recorrer a outros mecanismos que não são de encargo do Procon.

Carolina Sartori, advogada de Campinas (SP), acredita que o caso se enquadra como descumprimento de contrato grave, e que também pode ser caracterizado como uma fraude.

“A profissional recomenda que, em casos como esses, as vítimas devem registrar um Boletim de Ocorrência e devem preservar toda a documentação e evidências — como conversas em aplicativos de mensagens, e-mails e comprovantes de pagamento.

“Procure uma assessoria jurídica, como um advogado especialista na área, para que ele avalie a situação, e para entrar com uma ação de reparação. Pode ser um dano material, um dano moral”, diz Sartoni.

A EPTV tentou entrar em contato com a Vital Intercâmbios Brasil, mas não obteve retorno. No comunicado que a empresa emitiu em seu site e nas redes sociais, a empresa afirma que está em contato direto com as escolas estrangeiras.

“Estamos, inclusive, em contato direto com essas escolas para negociar condições mais acessíveis para os alunos que ainda não embarcaram, como a manutenção do valor original com desconto ou a concessão de vantagens especiais. Temos confiança de que muitas delas — que foram nossas parceiras ao longo de tantos anos — estenderão a mão neste momento”, informa o comunicado.

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