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Agência Mundial Antidoping acusa EUA de permitir que atletas dopados competissem

Última atualização 08/08/2024 | 17:45

A Agência Mundial Antidoping (WADA) revelou um esquema envolvendo a Agência Antidoping dos Estados Unidos (USADA), que permitiu que atletas dopados continuassem competindo em torneios internacionais sem serem punidos. A denúncia da WADA, divulgada nesta quinta-feira, veio à tona após uma reportagem da Reuters que detalhou a fraude. Segundo a WADA, a USADA teria permitido que, pelo menos, três atletas competissem durante anos, mesmo após admitirem o uso de substâncias ilegais, em troca de atuarem como informantes secretos para investigações do FBI.

Um caso específico envolve um atleta de elite que competiu em eliminatórias olímpicas e eventos internacionais, sem que seus resultados fossem desqualificados ou prêmios devolvidos. A WADA chamou a postura da USADA de “hipócrita”, ressaltando que, enquanto a agência americana frequentemente acusa atletas de outros países, como China e Rússia, de doping, ela mesma ocultou casos semelhantes.

A USADA se defendeu, afirmando que a utilização de atletas como informantes foi crucial para desmantelar esquemas maiores, incluindo tráfico de pessoas e drogas. Travis Tygart, presidente-executivo da USADA, justificou a estratégia como uma forma eficaz de lidar com problemas sistêmicos, embora o código mundial antidoping não permita que atletas violadores continuem competindo sem sanções.

O escândalo gerou uma resposta imediata da Agência Chinesa Antidoping (CHINADA), que acusou os Estados Unidos de abusos “sistêmicos” e pediu mais testes em atletas americanos. A CHINADA questionou a falta de transparência da USADA, citando o caso do atleta americano Erriyon Knighton, que testou positivo para uma substância proibida em março, mas foi autorizado a competir nos Jogos Olímpicos de Paris-2024. A China sugere que há um problema sistêmico de doping no atletismo dos EUA, apontando para possíveis omissões por parte da USADA.

Este confronto entre as agências antidoping dos EUA e da China intensifica as tensões em um momento em que ambos os países lideram o quadro de medalhas nos Jogos Olímpicos de Paris-2024, com os Estados Unidos à frente, com 27 ouros, contra 25 da China. As trocas de acusações colocam em cheque a credibilidade dos sistemas antidoping de ambas as nações, trazendo à tona a complexa relação entre poder político, esportes e ética no cenário global.