Agenda econômica agitada: entenda a “supersemana” de fim de ano

Entenda a “supersemana” da agenda econômica no fim de ano

Semana tem divulgações importantes sobre inflação e juros, e também votação dos nomes indicados para compor a diretoria do Banco Central

A agenda desta semana promete ser bem agitada na pauta econômica, com publicação de indicadores, reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) e votação de pautas importantes para o governo federal no Congresso Nacional, como a revisão de gastos públicos, reforma tributária e Orçamento de 2025.

Esta é a última semana para consolidar os dados macroeconômicos necessários à condução da política monetária e de benefícios sociais. Além disso, deve indicar se o governo federal será capaz de seguir os objetivos definidos pela meta inflacionária.

INFLAÇÃO DE NOVEMBRO E TAXA SELIC

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga, nesta terça-feira (10/12), dados referentes a novembro do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, e do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), indicador que serve de referência para o reajuste do salário mínimo e de benefícios sociais.

O IPCA está em 4,76% no acumulado de 12 meses até outubro — valor acima do teto da meta. A meta inflacionária para 2024 é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo (4,5% e 1,5%).

Em outubro, a inflação cresceu 0,56%, puxada pela alta dos preços da energia elétrica (4,74%) e das carnes (5,81%). Enquanto o INPC teve alta de 0,61% — 0,13 ponto percentual acima do resultado observado em setembro (0,48%).

Com as informações desses indicadores econômicos será possível saber se o recuo da inflação vai se concretizar, como aposta o Ministério da Fazenda, e calcular o salário mínimo de 2025.

O Banco Central tem a tarefa de manter a inflação dentro da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CNM). No momento, uma alta na taxa de juros é esperada devido à pressão inflacionária atual.

Na mesma terça, o Copom tem o primeiro dia de reuniões para debater a taxa básica de juros, a Selic, válida pelos próximos 45 dias. Na quarta-feira (11/12), a diretoria do BC decide o valor final da Selic para 2024. Esta é a oitava e última reunião do colegiado neste ano.

O encontro ocorre em meio à guinada da inflação, alimentada por um cenário de valorização da taxa de câmbio (o dólar) frente ao real — que ultrapassou a marca dos R$ 6 — e pela forte reação negativa do mercado financeiro após o anúncio do pacote de revisão de gastos do governo Lula (PT) e uma futura reforma da renda, que pretende isentar o Imposto de Renda para quem recebe até  R$ 5 mil por mês.

O atual diretor de Política Monetária e futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, disse na última segunda-feira (2/12) que o atual cenário econômico dá indicativos para “juros mais altos por mais tempo”.

SABATINA DOS DIRETORES DO BC

A expectativa é de que a sabatina dos indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assumir as vagas na diretoria do BC ocorra na quarta-feira na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal.

Os indicados são:
1. Gilneu Vivan, na vaga de Otávio Damaso (Diretoria de Regulação);
2. Izabela Correa, na vaga de Carolina de Assis Barros (Diretora de Relacionamento Institucional, Cidadania e Supervisão de Conduta); e
3. Nilton David, na vaga de Gabriel Galípolo (Diretoria de Política Monetária).

Caso as indicações do presidente Lula sejam aprovadas pelo colegiado e pelo plenário do Senado ainda em 2024, eles passarão a exercer o cargo de diretor do Banco Central a partir de 1° de janeiro de 2025.

CONGRESSO E PAUTAS ECONÔMICAS

No Congresso, o governo tenta avançar com três pautas antes do recesso parlamentar, que começa em 23 de dezembro. Os trabalhos legislativos só são retomados no início de fevereiro de 2025, e sob a sombra das eleições para as mesas diretoras da Câmara e do Senado.

A ideia das lideranças parlamentares é fazer as principais votações até 19 de dezembro, uma quinta-feira, nas próximas duas semanas, portanto.

Veja quais são as pautas pendentes de votação:
1. Pacote de revisão de gastos — O governo acabou enfrentando dificuldades na última semana e pouco avançou nas discussões dos textos que tratam da revisão de gastos públicos. Os deputados da base governista não conseguiram fechar um acordo para pautar a proposta de emenda à Constituição (PEC) no colegiado. Já o projeto de lei (PL) e o projeto de lei complementar (PLP) tiveram as urgências aprovadas com uma pequena margem. O PL, por exemplo, conquistou 267 votos favoráveis, já o PLP obteve 260, sendo que são necessários 257 votos para que o projeto pule algumas etapas da tramitação da Câmara e vá direto ao plenário.
2. Orçamento de 2025 — Deputados e senadores ainda precisam votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025, que dá as bases para a Lei Orçamentária Anual (LOA). A votação da LDO na Comissão Mista de Orçamento está prevista para ocorrer entre terça (10/12) e quarta-feira (11/12). Em seguida, será preciso votar a LOA, que é o Orçamento do próximo ano em si. Na última sexta (6/12), a comissão aprovou o relatório preliminar.
3. Reforma tributária — A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado deve votar na próxima quarta-feira (11/12) a regulamentação da reforma tributária (PLP 68/2024), que já passou por uma votação na Câmara. A ideia é levar o texto a plenário logo em seguida. Esse projeto institui a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), tributos que compõem o Imposto sobre Valor Adicionado (IVA) dual. Depois de analisada no plenário do Senado, a matéria deve ser enviada para a Câmara, onde os deputados irão analisar as mudanças realizadas na Casa Alta e, caso aprovem, o texto segue para sanção presidencial. Já o segundo projeto (PLP 108/2024), que trata do Comitê Gestor do IBS, ainda aguarda a Mesa Diretora do Senado designar um relator para a proposta. É possível que esse projeto fique para ser analisado apenas no próximo ano.

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Diálogos secretos entre policiais presos e corretor revelam envolvimento com facção e relógios de luxo: investigação da PF

De Tarcísio a relógios de luxo: a conversa secreta de policiais presos

Diálogos interceptados pela Polícia Federal revelam como policiais encararam a eleição de Tarcísio e trocas de informações sobre Gritzbach

São Paulo — Conversas interceptadas pela Polícia Federal (PF) mostram parte dos bastidores de corrupção de policiais civis de São Paulo, presos por envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e que, também, mantinham contato com o corretor de imóveis Vinícius Gritzbach.

O Metrópoles obteve a transcrição de dias de diálogos trocados entre os policiais civis Valdenir Paulo de Almeida, o Xixo, e Eduardo Lopes Monteiro, nas quais falam desde como a vitória de Tarcísio de Freitas (Republicanos) poderia os beneficiar indiretamente — com a escolha de um novo delegado geral — como também conversam sobre o recebimento de relógios de luxo, extorquidos de Gritzbach.

O corretor de imóveis foi executado com tiros de fuzil, em 8 de novembro, no Aeroporto Internacional de São Paulo, na região DE. Ele havia, dias antes, feito uma delação premiada ao Ministério Público de São Paulo (MPSP) na qual indicou nomes e entregou provas da relação estreita de policiais com a maior facção do Brasil.

Xixo foi preso junto com o também policial civil Valmir Pinheiro, o Bolsonaro, em setembro. Já Eduardo Monteiro, que é chefe de investigações, foi preso no último dia 17, junto com outros três policiais — entre eles o delegado Fábio Baena, com quem trabalhava no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). Todos estão envolvidos com lavagem de dinheiro e com o crime organizado, segundo denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

Em uma das conversas interceptadas, de 20 setembro de 2022, Eduardo Monteiro marca de se encontrar com Xixo. O horário é marcado para às 15h, porque às 16h Xixo estaria com o “amigo”, que a PF identificou ser Gritzbach.

Já na casa do corretor de imóveis, Xixo fala que “o alvo [Gritzbach] tá mandando um abraço” para Eduardo Monteiro que “manda outro”, junto com as imagens de dois relógios das marcas de luxo Rolex e de um Hublot. Durante dias, Monteiro cobra a data em que Xixo irá retornar à casa do corretor, para pegar um dos relógios.

Em 27 de setembro de 2022, Xixo garante que Gritzbach está ciente da demanda e que, no dia seguinte, iria se encontrar com ele. Porém, uma operação policial, na qual Xixo atuou, e um resfriado de Gritzbach atrasaram a reunião.

Nesse meio tempo, os policiais conversaram sobre as eleições para o governo estadual, vencidas por Tarcísio de Freitas. Eduardo afirma que “Tarcísio vai ganhar”, questionando quem ele iria nomear para chefiar a Delegacia Geral. “Podia colar um amigo, né? Como DG [delegado geral]”. Xixo responde que para eles é melhor a vitória de Tarcísio e que o novo Delegado Geral deveria ser um amigo deles.

As conversas se arrastam por dias e Eduardo Monteiro sempre cobra Xixo algum posicionamento sobre os relógios de luxo. No mês seguinte ao início da conversa interceptada, segundo a PF, “fica claro” que Eduardo Monteiro usava Xixo “para conseguir os tais relógios”.

O investigador chefe envia novamente as fotos dos três relógios de luxo, junto com a cobrança: “cadê”? Xixo então tranquiliza o chefe de investigações, informando que o corretor irá fornecer um dos três relógios para ele escolher.

Eduardo Monteiro, assim como o delegado Fábio Baena e Rogério de Almeida Felício, o Rogerinho, roubaram outros relógios de luxo de Gritzbach, quando cumpriram um mandado de busca e apreensão, em um dos imóveis do corretor. Todos são alvo da PF e do Gaeco em uma investigação na qual são apontados como integrantes de uma quadrilha que estaria envolvida com crimes de homicídio, lavagem de dinheiro, crimes contra a administração pública e “outros delitos de extrema gravidade”.

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