‘A vida da minha família mudou’, diz agroextrativista que trabalha com coleta de frutos e sementes oleaginosas na Amazônia
Mais de 400 famílias são beneficiadas pelo trabalho da associação dos trabalhadores agroextrativistas da Ilha das Cinzas, no Pará.
Projeto promove o desenvolvimento sustentável a partir do agroextrativismo [https://s02.video.glbimg.com/x240/13628353.jpg]
Uma nova forma de movimentar a economia foi adotada pela população da Ilha das Cinzas, em Gurupá (PA) [https://g1.globo.com/pa/para/cidade/gurupa/], a partir de sementes e frutas oleaginosas. Com os recursos únicos e naturais da região, foi aprimorado o agroextrativismo pela população. A essência única desses produtos é vendida para grandes empresas de produção de cosméticos.
A realidade dos agroextrativistas do Arquipélago do Marajó mudou por conta das sementes e castanhas oleaginosas da Amazônia como patauá, andiroba, muru-muru e ucuúba. A essência do produto é de alta demanda no meio estético, com componentes que enriquecem a pele e o cabelo.
Nete Cardoso descobriu essa nova forma de sustento no pequeno pedaço da imensidão de riquezas naturais. Em 2015, ela passou a trabalhar com agroextrativismo.
Ela afirma: “A vida da minha família mudou. Consegui comprar placa solar pra minha casa. Agora também tenho máquina de lavar e não preciso mais lavar a roupa nas mãos”.
A Amazônia é o bioma mais rico em biodiversidade do planeta e compreende o conjunto de ecossistemas que correspondem à Floresta Amazônica, a maior floresta tropical do planeta, e também a Bacia Amazônica, considerada a maior bacia hidrográfica do mundo.
Na última sexta-feira (23), a Ataic inaugurou a primeira agroindústria em área de várzea do país. O objetivo, agora, é triplicar o número de famílias atendidas pela iniciativa. Hoje, a empresa conta com uma estrutura totalmente nova, com máquinas que fazem a extração de óleo das castanhas e sementes.
Com o novo espaço, os agroextrativistas podem vender o produto final, o óleo extraído das sementes. Antes a associação encaminhava as sementes para outra empresa, que fazia a extração do produto. A nova agroindústria também conta com energia renovável, placas solares foram doadas por uma fabricante de equipamentos elétricos.
“Hoje a gente consegue fazer a entrega da manteiga ou do óleo e ter um resíduo que gera outros produtos. Isso agrega mais valor, gera mais renda e atende mais pessoas no território”, disse Francisco Malheiros, presidente da Ataic.
A dona Nete, que já viu sua vida ser transformada pelas sementes e castanhas oleaginosas da Amazônia, acredita que, a partir de agora, o trabalho desenvolvido pela associação vai avançar ainda mais. “Receber isso aqui foi uma felicidade imensa pra nós que somos mulheres ribeirinhas e empoderadas. Me sinto muito feliz trabalhando nessa atividade”, completou.
A nova agroindústria foi construída em parceria com a empresa ‘natura’ e custou em torno de R$ 2 milhões. O óleo extraído pela Ataic é comprado pela empresa, que trabalha com agroextrativismo na Amazônia desde os anos 2000.
Segundo a Angela Pinhati, diretora de sustentabilidade da indústria de cosméticos ‘natura’, a parceria da companhia com a associação de agroextrativistas da Ilha das Cinzas iniciou em 2015 e segue movimentando a cadeia produtiva do local. “A gente procurou essas sementes pelos ativos presentes nelas. A nossa ideia é transformar desafio socioambiental em oportunidade de negócio, desenvolvendo as comunidades e preservando a floresta em pé”, afirmou a diretora.