‘Salve a Catedral’: igreja em Ribeirão Preto precisa de R$ 14 milhões para
restauro e padre pede ajuda à população
Segundo engenheiro, prédio centenário no coração da cidade tem aberturas que
ameaçam ruir a estrutura. Revista com a história do templo está à venda por R$
15 para reunir fundos.
Após passar por reforma há seis anos, as rachaduras voltaram a afetar a estrutura da Catedral Metropolitana de São
Sebastião, no coração de Ribeirão Preto (SP). Segundo
os engenheiros, há risco de desabamento. Uma comissão foi montada para preservar
o patrimônio da cidade e lançou a campanha ‘Salve a Catedral’. São necessários
R$ 14 milhões para o restauro.
> “É importante que todos participem. Esse trabalho todo é um trabalho de
> conscientização para que a população da cidade de Ribeirão Preto se preocupe
> com a preservação do patrimônio, que não é só a Catedral. Nós precisamos ter
> esse olhar para o passado pensando no futuro das gerações”, diz Francisco
> Jaber Zanardo Moussa, o padre Chico, líder da igreja.
O templo imponente, que fica na Rua Florêncio de Abreu, representa a fé cristã,
mescla arte e história. Fundado em 1870, passou por várias obras até ficar do
jeito como é conhecido hoje. Do lado de fora, é possível ver os vitrais que
expressam passagens do Evangelho.
As pinturas de Benedito Calixto, um dos maiores artistas do século XX, ficam
atrás do altar e retratam a vida de São Sebastião, padroeiro de Ribeirão Preto.
PROBLEMAS ESTRUTURAIS
Mas o patrimônio histórico e cultural pode ser perdido se medidas não forem
tomadas para a preservação, já que as rachaduras no prédio só pioram com o
passar do tempo.
> “Nós não estamos mais falando de rachaduras e, sim, de aberturas. Na parte
> externa, as tensões fizeram com que ela simplesmente torcesse. Ela bateu a
> parte frontal e aliviou as tensões na platibanda, no friso lateral. Com as chuvas, ela vai tendo
> cada vez mais abertura, uma trinca progressiva. Vai começar a estourar vitral,
> começa a craquelar, começa processos de oxidação, corrosão, é urgente tomar
> medidas”, explica o engenheiro de estruturas e arquiteto Oscar Eustáquio Silva
> Mendes.
Para pensar soluções e elaborar o projeto de reforma, foi criada uma comissão,
com representantes de diferentes setores da sociedade, que atua inclusive no
plano para arrecadar recursos. O restauro só poderá ser feito com empenho de
toda a comunidade, destaca o empresário Renato Aguiar, presidente da comissão.
REVISTA À VENDA PARA LEVANTAR FUNDOS
Uma das ações para levantar fundos é a venda de revista com a história da
Catedral. A publicação está à venda por R$ 15, na secretaria paroquial, e reúne
curiosidades e a memória do templo religioso.
“Um grupo dentro da comissão elaborou a revista, ganhamos a edição de uma
gráfica. Ela está sendo vendida para reunir recursos. Ficou bonita, tem um bom
conteúdo, as pessoas que comprarem poderão presentear. Ela conta as histórias de
São Sebastião e seu martírio, fala sobre as telas de Benedito Calixto que estão
aqui no altar”, diz o padre Chico.
Segundo Renato Aguiar, várias ações estão sendo programadas para levantar o
dinheiro necessário. Entre elas a realização de uma quermesse em maio de 2025,
que ele afirma que será a maior da história da cidade.
“Estou muito animado, minha mãe que frequenta a catedral, mora aqui no Centro,
me pediu para ajudar. Vamos fazer varias ações e, no meio do ano, vamos fazer a
maior quermesse da história de Ribeirão Preto. Eu não nasci em Ribeirão Preto,
mas moro aqui há 40 anos, sou ribeirão-pretano de coração e me sinto na
obrigação disso”, afirma.
‘PATRIMÔNIO SÃO AS PESSOAS’
Para a historiadora Nainôra Freitas, a preservação do patrimônio histórico da
Catedral de São Sebastião começa pela compreensão das pessoas de entenderem que
elas são parte da história do templo.
> “A Catedral carrega essa herança que nós podemos falar, secular, da memória
> histórica de Ribeirão Preto. E aí entra uma questão muito interessante que é o
> seguinte: quando nós falamos de patrimônio, todo mundo pensa na arquitetura.
> Não, o patrimônio não existe sem as pessoas, porque o que faz com que uma
> arquitetura seja relevante são as pessoas, que tenha esse pertencimento a esse
> lugar, essa identidade desse lugar. Então patrimônio cultural diz respeito às
> pessoas. É por isso que é preciso pensar na Catedral como algo que queremos
> deixar para a geração seguinte. Queremos que as gerações seguintes possam ser
> parte dessa história construída.
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