Alcoólicos Anônimos completa 76 anos no Brasil

O primeiro contato com o álcool geralmente ocorre na adolescência e muitas vezes é visto como um rito de passagem. Alguns vão conviver harmonicamente com a bebida alcoólica, mas para muitos, esta relação será conturbada. O excesso acaba interferindo na profissão, nas relações familiares e nas amizades. 

Foi o que aconteceu com Laura*. A jovem conta que começou a beber ainda aos 13 anos e, em pouco tempo, viu o álcool tomar uma dimensão cada vez maior em sua vida, ao ponto de começar a beber ainda pela manhã.

“Com o tempo, toda festa que eu ia eu bebia. Passou mais um tempo, eu comecei a beber antes da festa, durante a festa e depois. Eu não conseguia estudar, não conseguia focar nas coisas que eu precisava focar e eu vi que o álcool estava virando um problema na minha vida”, relembra Laura.

A presença do álcool foi avassaladora também para Torres*. O primeiro contato com as bebidas alcoólicas foi logo aos 12 anos.

“Aos 15 anos, eu já bebia todo final de semana. Aos 25 anos, eu bebia praticamente todos os dias à noite. Aos 32 anos eu já bebia pela manhã. Entre os 30 e 32 anos, começaram minhas internações por alcoolismo. O alcoolismo vai parando todas as áreas da vida. a área profissional, a área afetiva, a área espiritual. Vai abandonado todo o contato que eu tinha com uma força maior, natureza, com esporte. A gente vai largando a parte boa da vida e se dedicando a se afundar no alcoolismo”.

Irmandade

Embora com uma grande diferença de idade, as histórias de Laura e Torres se cruzaram em uma das unidades dos Alcoólicos Anônimos (AA), na zona sul do Rio de Janeiro. Ali conheceram outras pessoas com o mesmo problema. Através dos encontros, no que chamam de irmandade, foram se abrindo e largando a bebida. Hoje deixaram totalmente de consumir álcool.

“Eu me perdi completamente. Foi olhando no espelho e não sabendo mais quem eu era que eu pensei que eu precisava tomar uma atitude. Eu vi no site dos Alcoólicos Anônimos e no site tem doze perguntas. Tá escrito que se você responder a quatro perguntas, você pode ter algum problema com o álcool. Eu gabaritei”, conta Laura.

Há 25 anos no AA, Torres diz que a admissão do problema é um passo importante. “Quando a chave vira, quando a admissão do alcoolismo é completa, quando eu entendo que perdi o controle da minha vida para o álcool, e eu posso não beber um dia de cada vez, como meus companheiros fazem. A chave vira, a mente abre”

O Alcoólicos Anônimos, entidade criada nos Estados Unidos na década de 1930, é uma porta sempre aberta para quem deseja largar o álcool. No Brasil, são 76 anos de atividade, tendo como uma das principais regras o anonimato. Ninguém pergunta o nome ou a profissão de quem chega. Cada um pode adotar um apelido e o comparecimento é voluntário. Mas o vínculo que se forma entre os membros da irmandade é muito forte. Quando alguém sente que está propenso a voltar a beber, liga para um dos companheiros e pede ajuda, e sempre a recebe.

Vice-presidente nacional do AA, a psicóloga Gabriela Henriques conta que a entidade está sempre aberta em centenas de endereços no Brasil para ajudar, de forma gratuita, quem precisa.

“A partir do momento que a pessoa entende que tem uma dificuldade no uso com a bebida alcoólica, ela pode procurar o Alcoólicos Anônimos participando  de uma reunião, indo ao grupo, pedindo ajuda, que é o propósito primordial do AA, que é estender a mão ao alcoólico que ainda sofre”.

Uma das portas de entrada para buscar ajuda é a página da entidade na internet, onde é possível saber a localização do AA mais próximo e até mesmo conversar com alguém pelo WhatsApp.

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Hugo destaca avanço em cirurgias endoscópicas com melhorias e investimentos

O Hospital de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (Hugo), unidade do governo do Estado gerida pelo Hospital Israelita Albert Einstein desde junho deste ano, realizou no final de novembro sua primeira cirurgia endoscópica da coluna vertebral. Essa técnica, agora prioritariamente utilizada nos atendimentos de urgência e emergência, é minimamente invasiva e representa um avanço significativo no tratamento de doenças da coluna vertebral, proporcionando uma recuperação mais rápida e menores riscos de complicações pós-cirúrgicas.

Segundo o coordenador da ortopedia do Hugo, Henrique do Carmo, a realização dessa técnica cirúrgica, frequentemente indicada para casos de hérnia de disco aguda, envolve o uso de um endoscópio. Este equipamento, um tubo fino equipado com uma câmera de alta definição e luz LED, transmite imagens em tempo real para um monitor, iluminando a área cirúrgica para melhor visualização. O tubo guia o endoscópio até a área-alvo, permitindo uma visão clara e detalhada das estruturas da coluna, como discos intervertebrais, ligamentos e nervos.

“Quando iniciamos a gestão da unidade, uma das preocupações da equipe de ortopedia, que é uma especialidade estratégica para nós, foi mapear e viabilizar procedimentos eficazes já realizados em outras unidades geridas pelo Einstein, para garantir um cuidado mais seguro e efetivo dos pacientes”, destaca a diretora médica do hospital, Fabiana Rolla. Essa adoção da técnica endoscópica é um exemplo desse esforço contínuo.

Seis meses de Gestão Einstein

Neste mês, o Hugo completa seis meses sob a gestão do Hospital Israelita Albert Einstein. Nesse período, a unidade passou por importantes adaptações que visam um atendimento mais seguro e de qualidade para os pacientes. Foram realizados 6,3 mil atendimentos no pronto-socorro, mais de 6 mil internações, mais de 2,5 mil procedimentos cirúrgicos e mais de 900 atendimentos a pacientes com Acidente Vascular Cerebral (AVC).

A unidade passou por adequações de infraestrutura, incluindo a reforma do centro cirúrgico com adaptações para mitigar o risco de contaminações, aquisição de novas macas, implantação de novos fluxos para um atendimento mais ágil na emergência, e a reforma da Central de Material e Esterilização (CME) para aprimorar o processo de limpeza dos materiais médico-hospitalares.

Hoje, o Hugo também oferece um cuidado mais humanizado, tanto aos pacientes como aos seus familiares. A unidade implementou um núcleo de experiência do paciente, com uma equipe que circula nos leitos para entender necessidades, esclarecer dúvidas, entre outras atividades. Além disso, houve mudança no fluxo de visitas, que agora podem ocorrer diariamente, com duração de 1 hora, em vez de a cada três dias com duração de 30 minutos.

Outra iniciativa realizada em prol dos pacientes foi a organização de mutirões de cirurgias, visando reduzir a fila represada de pessoas internadas que aguardavam por determinados procedimentos. Essa ação viabilizou a realização de mais de 32 cirurgias ortopédicas de alta complexidade em um período de dois dias, além de 8 cirurgias de fêmur em pacientes idosos. Todos os pacientes beneficiados pelos mutirões já tiveram alta hospitalar.

Plano de investimentos para 2025

Para o próximo ano, além do que está previsto no plano de investimentos de R$ 100 milhões anunciado pelo Governo de Goiás, serão implantadas outras melhorias de fluxos e processos dentro das atividades assistenciais. Isso inclui processos preventivos de formação de lesões por pressão, otimização de planos terapêuticos, cirurgias de emergência mais resolutivas, e outras ações que visam aprimorar o cuidado dos pacientes.

O hospital também receberá novos equipamentos, como o tomógrafo doado pelo Einstein para melhorar o fluxo de pacientes vítimas de trauma e AVC, e um robô de navegação cirúrgica.

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