Alerta: Mãe revive trauma da meningite do filho em meio a surto no Paraná 2025: importância da vacinação em destaque

alerta3A-mae-revive-trauma-da-meningite-do-filho-em-meio-a-surto-no-parana-20253A-importancia-da-vacinacao-em-destaque

Foi um milagre ele sobreviver: mãe revive trauma da meningite do filho após
Paraná emitir alerta de alta de casos em 2025

Segundo Ministério da Saúde, estado lidera taxa de incidência da doença no país.
Mãe de sobrevivente relata superação da doença e reforça importância da
vacinação.

Kelly Andréa dos Santos com o filho, Bruno, que teve quadro grave de meningite
há 25 anos — Foto: Arquivo pessoal

“Foi tudo muito rápido. Em poucas horas ele já estava na UTI. Eu achei que
perderia meu filho […] Foi um milagre ele sobreviver”, relembra a maquiadora
Kelly Andréa dos Santos, de 47 anos, sobre os dias em que o filho, Bruno, então
com três anos, lutou contra a meningite meningocócica, em 2000.

Kelly, que é de Foz do Iguaçu, faz o relato diante do avanço da doença no Paraná. O estado lidera a taxa de incidência da
meningite por habitante no país em 2025, segundo o Ministério da Saúde.

Entre janeiro e 21 de junho deste ano, o Paraná registrou 27 casos confirmados e
sete mortes pela doença, mais que o dobro do número de casos no mesmo período de 2024, quando não houve nenhum óbito.

Diante do crescimento, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) emitiu um alerta
às 22 regionais, orientando os 399 municípios sobre a necessidade de reforçar a
prevenção, o diagnóstico precoce e a vacinação.

A meningite é uma inflamação das membranas que envolvem o cérebro e a medula
espinhal. Provocada pela bactéria ‘Neisseria meningitidis’, pode evoluir
rapidamente e levar à morte em poucas horas. A transmissão acontece por contato
direto com secreções respiratórias. Crianças são o grupo mais vulnerável.

Sete pessoas morreram por meningite no Paraná

Kelly Andréa dos Santos relembra o susto vivido há 25 anos, quando o filho Bruno
foi diagnosticado com meningite meningocócica. O primeiro sintoma foi a febre.

> “No meio da madrugada, ele teve febre alta. Pela manhã, levamos ao
> pronto-atendimento e ele foi internado. Poucas horas depois, surgiram manchas
> pelo corpo. Foi tudo muito rápido”, lembra Kelly.

O caso foi grave. Bruno foi transferido para a Unidade de Tratamento Intensivo
(UTI), onde ficou por três dias.

Leia também:

Grande Curitiba: Suspeito de cárcere de mãe e filha afirma que crise
financeira motivou crime
Tarifaço: Indústria anuncia férias coletivas para 700 funcionários
Dubai: Influenciador do PR procurado por divulgar ‘Jogo do Tigrinho’ é preso

> “Os médicos disseram que teríamos 48 horas para saber se ele reagiria. Foi um
> choque ouvir que cada manchinha tinha milhões de bactérias”, conta.

Com diagnóstico rápido e tratamento intensivo, Bruno se recuperou sem sequelas
após mais de 30 dias internado.

“Na época, ele só tinha tomado vacina contra meningite viral. Não sabíamos da
vacina contra a bacteriana, que nem estava disponível nos postos”, diz Kelly.

VACINAÇÃO CONTRA MENINGITE MENINGOCÓCICA FOI IMPLANTADA NO SUS EM 2011

Vacinação meningocócica ACWY está disponível nas Unidades Básicas de
Saúde (USB) de Alagoinhas — Foto: Prefeitura Municipal de Alagoinhas

A mãe conta que, na época, acreditava que o filho estava protegido, mas
descobriu que ele tomou apenas as vacinas contra meningite viral.

“Não sabíamos que existia uma vacina contra o tipo bacteriano. Ela nem estava
disponível nos postos de saúde na época”, lembra.

Após o diagnóstico, familiares, vizinhos e colegas de creche de Bruno precisaram
tomar medicação preventiva por três dias, devido à alta probabilidade de
contágio da doença.

> “A Vigilância Sanitária acompanhou tudo de perto […] O que passamos com meu
> filho foi um trauma. Por isso, peço que os pais vacinem seus filhos. É uma
> forma de amor e proteção.”

COBERTURA VACINAL NO PARANÁ

A vacina é considerada a principal forma de prevenção contra a doença. Em 2024,
o Paraná teve cobertura de 92% na primeira dose e 93% na dose de reforço —
abaixo da meta de 95% do Ministério da Saúde. No Brasil, em 2024, a taxa de
cobertura ainda não foi divulgada.

No ranking de estados com maior incidência da doença este ano, segundo o
Ministério da Saúde, estão:

1. Paraná – 4,51 casos por 100 mil habitantes
2. Santa Catarina – 4,03 casos por 100 mil habitantes
3. São Paulo – 3,75 casos por 100 mil habitantes
4. Rio Grande do Sul – 3,54 casos por 100 mil habitantes
5. Pará – 2,89 casos por 100 mil habitantes

Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a vacina meningocócica C
(conjugada) para crianças de 3 meses a 4 anos.

A partir deste mês, o reforço aos 12 meses passará a ser feito com a vacina
meningocócica ACWY, que protege também contra os sorogrupos A, W e Y.

O novo esquema vacinal seguirá este cronograma:

3 meses de idade: 1ª dose da meningocócica C (conjugada)
5 meses de idade: 2ª dose da meningocócica C (conjugada)
12 meses de idade: reforço com a vacina meningocócica ACWY (conjugada)

A vacina ACWY é indicada também para adolescentes de 11 a 14 anos, com aplicação
em dose única, e agora passa a integrar também o calendário de reforço infantil.

Além disso, crianças que completaram o esquema com três doses da vacina
meningocócica C não precisam se revacinar com a ACWY.

As crianças que perderam a dose de reforço aos 12 meses podem recebê-la com a
vacina ACWY até completarem 4 anos, 11 meses e 29 dias.

ESPECIALISTAS ALERTAM PARA SINTOMAS E DIAGNÓSTICO PRECOCE

Novo esquema vacinal contra a meningite começa a ser aplicado — Foto:
Carla Cleto

O neurocirurgião Raphael Bertani, membro titular da Sociedade Brasileira de
Neurocirurgia (SBN), lembra que a meningite é altamente transmissível e que até
10% dos adolescentes e adultos podem carregar a bactéria na garganta sem
apresentar sintomas, mas ainda assim transmiti-la.

Segundo ele, os sintomas de alerta incluem febre alta, dor de cabeça intensa,
vômitos, rigidez no pescoço, confusão mental e manchas na pele (petéquias). Ao
primeiro sinal, a recomendação é procurar atendimento médico imediato.

Ele também alerta para o abandono de medidas básicas de higiene. “Muita gente
deixou de lado o hábito de lavar as mãos com frequência. Cerca de 10% dos
adolescentes e adultos são portadores da bactéria na garganta sem apresentar
sintomas, mas podem transmiti-la.”

Além da vacinação, a Sesa orienta que a população adote medidas preventivas,
como manter ambientes ventilados, lavar as mãos com frequência, evitar
aglomerações e não compartilhar objetos de uso pessoal.

VÍDEOS: MAIS ASSISTIDOS DE

50 vídeos

Leia mais notícias da região em DE Oeste e Sudoeste.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp