Aliados de Lula consideram que o governo erra ao adotar na área de segurança a mesma estratégia utilizada na PEC da Blindagem. A estratégia foi eficaz na PEC da Blindagem, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva orientou o PT a votar contra a proposta, alegando que era rejeitada pela população. Tanto é verdade que a PEC foi rejeitada no Senado e arquivada, sem ser apreciada em plenário.
Atualmente, Lula pretende seguir o mesmo caminho. Ele não concordou com a postura do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que designou um adversário para relatar a Lei Antifacção e começou a criticar o texto aprovado pelos deputados. No entanto, o projeto, agora denominado Marco Legal de Combate ao Crime Organizado, pode receber apoio da população, visto que endurece as punições contra o crime organizado e não será arquivado no Senado.
Enquanto o texto aprovado na Câmara dos Deputados possui suas falhas, como a tentativa de reduzir recursos da Polícia Federal e criar duplicidades na legislação que poderiam beneficiar criminosos, o governo conseguiu impedir mudanças na Lei contra o Terrorismo e enfraquecimentos à PF. No entanto, poderia capitalizar essas vitórias ao invés de se mostrar contra penas mais severas ao crime organizado.
O embate entre Lula e Hugo Motta pode prejudicar a reorganização da base aliada na Câmara, dificultando as votações de importantes projetos no final do ano. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, vinha negociando a reorganização da base aliada com Hugo Motta, porém, ele deixou claro que em questões da direita está ao lado do Centrão e do PL, e não do governo Lula. O tema da segurança pública é uma das principais preocupações da população, e o governo deve buscar formas de aperfeiçoar o projeto sem se mostrar contrário a medidas de combate ao crime organizado.




