Olsen: “Nunca soube de reuniões sobre golpe, só pela imprensa”
O comandante da Marinha, almirante Marcos Olsen, foi arrolado como testemunha de defesa de seu antecessor, o almirante Almir Garnier, no âmbito da ação penal que investiga a trama golpista. Em depoimento à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira (23), Olsen afirmou que não tinha conhecimento de reuniões para tratar de um suposto golpe de Estado em 2022. Ele ressaltou que todas as informações que possuía sobre o assunto foram obtidas através da imprensa.
Questionado pelo Procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet, sobre sua participação em possíveis reuniões para discutir o golpe, Olsen respondeu: “Nenhuma ciência absolutamente. Ignorava o acontecimento dessas reuniões”. O comandante da Marinha enfatizou que em nenhum momento houve qualquer ordem, planejamento ou mobilização de veículos blindados para impedir os poderes constitucionais, incluindo a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em janeiro de 2023.
Além do depoimento de Olsen, a tarde de sexta-feira foi marcada pelos testemunhos do senador Hamilton Mourão, vice-presidente no governo de Jair Bolsonaro, e do ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo. Durante a audiência, Rebelo e o ministro Alexandre de Moraes se envolveram em momentos de tensão, com ameaças de prisão após o ex-ministro se manifestar contra qualquer forma de censura. Já Mourão afirmou desconhecer qualquer tentativa de golpe de Estado e atribuiu a desordem na capital federal em janeiro de 2023 ao governo Lula.
Os oito réus que compõem o núcleo crucial do suposto golpe, conhecido como núcleo 1, tiveram suas denúncias aceitas de forma unânime pela Primeira Turma do STF em março. Entre eles estão Jair Bolsonaro, Walter Braga Netto, General Augusto Heleno, Alexandre Ramagem, Anderson Torres, Almir Garnier, Paulo Sérgio Nogueira e Mauro Cid, este último sendo um delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Eles são acusados de participar de supostos planos para um golpe de Estado em 2022.