‘Alô, Trump’: primos de Morro Agudo, SP, apostam em humor para falar de
agronegócio e viralizam nas redes sociais
Engenheiros agrônomos, João Vitor Castro e Eduardo Palhares viram a base de
seguidores crescer nas últimas semanas com ‘ligação’ para presidente dos Estados
Unidos para falar sobre o setor. Vídeos já tem mais de 10 milhões de
visualizações.
‘Alô, Trump’: primos de Morro Agudo, SP, usam humor para falar de agronegócio e
viralizam [https://s03.video.glbimg.com/x240/13791542.jpg]
‘Alô, Trump’: primos de Morro Agudo, SP, usam humor para falar de agronegócio e
viralizam
Já bem famosos no meio agro, os engenheiros agrônomos e primos João Vitor Castro
e Eduardo Palhares, de Morro Agudo (SP) [https://DE.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/cidade/morro-agudo/], viram a
base de seguidores aumentar nas redes sociais nas últimas semanas depois da
publicação de vídeos onde satirizam a taxação de 50%, imposta pelo governo
norte-americano a produtos brasileiros.
A medida deve entrar em vigor no dia 1º de agosto e tem preocupado diversos
setores, principalmente, o agro. Mas os primos aproveitaram o momento para falar
do assunto com muito bom humor.
O conteúdo, que já tem três partes, mostra tentativas de conversas de João Vitor
com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele usa tiradas simples e
abusa da mistura de termos em inglês e português para deixar tudo ainda mais
engraçado.
Na primeira publicação, de 24 de junho, a taxação ainda não tinha acontecido,
mas acompanhava com o primo os desdobramentos da guerra em Israel e o impacto
nos preços dos combustíveis e insumos. Ao DE, João Vitor revelou que ali
nascia a ideia de ‘ligar para o Trump’.
> “Surgiu aqui na fazenda, em um momento bem nosso, tomando um tereré e
> conversando sobre as notícias do setor. A gente já vinha acompanhando os
> desdobramentos da guerra e do impacto disso nos preços dos combustíveis e
> insumos. Como o Trump já estava nos noticiários, pensamos ‘e se a gente
> ligasse pra ele pra perguntar se vai sobrar pra nós aqui no agro? Foi aí que
> nasceu o ‘Ligando pro Trump – Good ou Not?’, usando uma expressão que a gente
> sempre escutou no campo, o famoso ‘bão ou não'”.
João Castro e Eduardo Palhares são de Morro Agudo, SP — Foto: Trino
A publicação fez tanto sucesso, que não demorou para aparecer a parte dois. Só
que aí, a carta avisando o governo brasileiro sobre o tarifaço tinha acabado de
virar notícia. Dois dias depois, os primos apostaram novamente no humor, para
falar que as coisas por aqui não estavam ‘muito good’.
O terceiro vídeo, publicado na sexta-feira (25), veio da sugestão do público,
como conta Eduardo. Nele, João Vitor fala que está tudo bem, ‘depends pra who’.
“O primeiro vídeo saiu até antes do tarifaço e o Jão já mandava o recado
‘precisava parar com esse rolo docês aí’. Depois que a carta do Trump pro Brasil
estourou, todo mundo começou a pedir a parte dois, e a gente respondeu com o
‘Not muito good aqui, não’, ironizando até o reconhecimento de firma no
cartório. Já o terceiro, o ‘Depends’, veio também por sugestão do público e é
uma brincadeira que rola muito no campo, sobre o agrônomo que responde tudo com
‘depende'”.
Eduardo conta que os roteiros para os vídeos são montados com base no
noticiário, mas sempre utilizando o jeito deles de contar a história.
João Castro e Eduardo Palhares são de Morro Agudo, SP — Foto: Trino
Segundo João Vitor, usar o bom humor sempre fez parte do conteúdo, mas foi com a
série de vídeos mais conectados com as tendências, usando uma linguagem que
mistura o rural e o digital, que a base explodiu.
“Um dos vídeos dessa sequência trouxe mais de 100 mil seguidores novos. A média
hoje é de 80 mil novos seguidores por mês. Isso mostra que o agro tem espaço nas
redes e quando a gente fala com verdade e bom humor, o alcance é ainda maior”.
HUMOR DANDO ESPAÇO PARA ASSUNTO SÉRIO
Filhos de produtores rurais de Morro Agudo, Eduardo e João deram os primeiros
passos nas redes sociais em 2021, com a ideia de orientar estudantes e
recém-formados, oferecendo a eles uma visão realista do mercado de trabalho no
setor.
Logo no começo, os primos apostaram na autenticidade e no humor para fazer dar
certo. Hoje, eles são reconhecidos por onde passam e não mais apenas no mundo do
agronegócio. A fama também rendeu parceria com gigantes do agro.
> “A gente nasceu e cresceu em Morro Agudo, no meio do agro. Hoje ver tanta
> gente nos reconhecendo nas feiras e até fora delas, vindo tirar foto, mandando
> mensagem, é algo que emociona mesmo. Só esse ano já passamos por dez estados,
> visitando eventos e levando a voz do produtor com a nossa linguagem”, conta
> Eduardo.
Ao DE, ele disse que o
objetivo, agora, é mostrar mais ainda o valor do campo.
“Vamos lançar episódios longos no YouTube, explicando com humor como nasce o
arroz, o feijão, o leite, tudo que está na mesa do brasileiro. Também temos a
nossa loja de roupas com proteção UV e uma inteligência artificial no WhatsApp
pra ajudar o produtor com dúvidas sobre clima, pragas, mercado e manejo. A ideia
é seguir comunicando o agro pro Brasil e pro mundo, do nosso jeito”.
Eduardo Palhares, Morro Agudo, SP — Foto: Trino
Para João Vitor, o humor está na essência da família e é por isso que os primos
devem seguir em novos projetos, mas com a mesma dose de temperamento.
“Desde moleque, a gente brincava, imitava agrônomo, fazia graça com as situações
da roça. O humor está na nossa essência. Só que, junto com a brincadeira, vem
muita responsabilidade. A gente sabe o quanto o produtor está sofrendo com o
clima, com os custos, com o mercado. E é por isso que a gente fala desses
assuntos de forma leve: para abrir os olhos, gerar identificação e trazer mais
gente para perto do agro”.
João Vitor Castro, Morro Agudo, SP — Foto: Trino
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