Alta dos juros deve desacelerar economia a partir do 2º trimestre: análise da IFI

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Alta dos juros deve desacelerar economia a partir do 2º trimestre, diz IFI

Porém, relatório ainda chama atenção para potenciais pressões sobre o consumo

A atividade econômica do país deve desacelerar a partir do segundo trimestre,
segundo análise da Instituição Fiscal Independente (IFI) publicado nesta
quinta-feira (20).

O Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) de março ressalta que as altas taxas
de juros — ao impactarem o consumo e o investimento — e o menor crescimento da
massa salarial esperado para este ano devem desacelerar a economia, mesmo que
seja esperado um impulso para o começo deste ano com a safra recorde em curso.

“O desempenho do IBC-Br em janeiro indica que a atividade econômica deverá
ganhar impulso no primeiro trimestre de 2025, liderada pelo setor agropecuário.
No entanto, a deterioração dos indicadores de confiança sugere uma tendência de
desaceleração ao longo do ano”, aponta a IFI.

Indicador que serve como uma prévia da atividade econômica, o IBC-Br do Banco
Central (BC) teve alta expressiva de 0,9% em janeiro,
puxado, sobretudo, pelo agronegócio.

“A economia continuou operando acima de sua capacidade potencial no começo de
2025, mas deve perder ritmo a partir do segundo trimestre, após o impulso
inicial da safra agrícola recorde, diz o relatório.

“A desaceleração reflete o impacto da elevada taxa de juros sobre consumo e
investimento, além do menor crescimento da massa salarial ampliada, que tende a
se enfraquecer, mesmo considerando os efeitos positivos do aumento real do
salário mínimo e da recente liberação de R$ 12 bilhões do FGTS
(saque-aniversário).”

Na quarta-feira (19), o Banco Central (BC) voltou a subir a taxa Selic, que mede
os juros básicos do país, em um ponto percentual, elevando-a a 14,25% ao ano,
no que marca seu maior patamar em quase dez anos.

Já sobre a massa salarial, a IFI estima expansão de 4,1% em 2025, abaixo do
aferido em 2024 (6,5%).

A IFI destaca, porém, que a economia ainda deve seguir operando acima de sua
capacidade potencial, quando o chamado “hiato do produto” está pressionado.

Isso significa que o consumo e a demanda estão aquecidos e se movimentando mais
do que a oferta consegue suprir. O resultado desse fenômeno: pressão nos preços,
inflação.

Desse modo, o estudo chama atenção para a medida provisória do governo que
liberou o saque-aniversário do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS),
devido seu “potencial para impulsionar a demanda e atenuar, ao menos
parcialmente, a desaceleração econômica esperada nos próximos trimestres”.

“Diante desse cenário de desaceleração esperada da atividade econômica ao longo
do ano, especialmente após o primeiro trimestre, é importante avaliar como esses
movimentos irão se refletir sobre o hiato do produto”, pondera.

Fiscal e volatilidade afastam capital do Brasil, diz Volpon | Fechamento de
Mercado. CONTAS PÚBLICAS. O RAF de março aponta que o governo registrou um superávit primário de R$ 54,2
bilhões no primeiro bimestre de 2025, superando os R$ 21,2 bilhões registrados
no mesmo período de 2024.

A IFI aponta, porém, que as medidas do pacote de contenção fiscal aprovadas no
final do ano ainda não são “percebidas na dinâmica das despesas afetadas”.

“É positivo o incremento real de 3% nas receitas no primeiro bimestre, que
ocorreu sobre uma base elevada e com atipicidades em recolhimentos de IR. [A]
baixa execução de despesas discricionárias e do Bolsa Famı́lia, além de
precatórios, foram responsáveis pela redução de 5,1% na despesa primária no
primeiro bimestre”, afirma.

“[A] manutenção da receita primária lı́quida em nı́vel relativamente elevado
será determinante para o cumprimento da meta de primário fixada para 2025”,
conclui.

O governo persegue o déficit zero neste ano, ou seja, equilíbrio entre o que entra o que sai nos cofres públicos.

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