O aumento no custo das embalagens plásticas tem contribuído diretamente para a elevação dos preços dos alimentos no Brasil. Essa alta foi intensificada após o governo federal reajustar a alíquota de importação de resinas plásticas, que passou para 20% em 2024.
José Ricardo Roriz, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), destacou que as embalagens plásticas representam entre 15% e 25% do custo dos alimentos e são amplamente utilizadas na cadeia produtiva, especialmente em produtos da cesta básica e no setor de alimentos e bebidas, onde cerca de 65% das embalagens são feitas de plástico.
“A indústria alertou para o impacto inflacionário dessa medida. O aumento nas alíquotas encareceu a produção de embalagens e, consequentemente, elevou os preços dos alimentos para o consumidor”, afirmou Roriz.
De acordo com a Abiplast, enquanto a alíquota média para resinas plásticas no mercado global é de 6,5%, no Brasil, os 20% aplicados atualmente criam uma disparidade nos custos de produção. Essa situação tem reflexos na inflação, já que o plástico está presente em quase todos os setores produtivos.
Além do impacto das embalagens, os preços dos alimentos também foram influenciados pela desvalorização cambial e pelo aumento da demanda no país. O dólar chegou a ficar acima de R$ 6,00 por quase dois meses, pressionando ainda mais os custos de produção e importação.
Em resposta, o governo avalia reduzir a alíquota de importação de alimentos cujos preços internos sejam superiores aos do mercado internacional. No entanto, especialistas apontam que a medida teria efeito limitado no curto prazo e poderia prejudicar as contas públicas.
Enquanto busca soluções para conter a inflação dos alimentos, o governo enfrenta desafios para equilibrar a política fiscal e restaurar a confiança dos agentes econômicos. Novas reuniões com representantes do setor produtivo estão previstas para os próximos dias, mas ainda não há consenso sobre medidas eficazes para aliviar a pressão sobre os preços.