Última atualização 07/07/2023 | 09:56
Uma aluna de 13 anos enviou uma carta para escola onde ela estuda, em Barretos (SP), no qual revela detalhes do abuso sexual cometido por um professor da instituição, Alan David Brandes da Silva, de 35 anos. Ela relata que demorou denunciá-lo porque tinha medo dele. O suspeito está preso desde o dia 2 de julho.
“Eu sei que errei em ir onde ele manda, mas ele ainda é meu ‘superior’ e meu professor. De qualquer forma, ele manda em mim e eu tenho medo da reação dele ao não ir, mesmo de não ter ido semana passada. É algo que eu não sei o que vai acontecer se eu parar de ir de vez, se vai ficar bravo comigo, se vai se magoar, se vai ter uma visão ruim de mim, se pode fazer algo comigo”, descreveu em um trecho.
A menina continua o desbafo: “Tentei ser amiga, tentei ser grossa, tentei dar uma ideia de que era errado, tentei dar pequenas indiretas de que eu não estava bem com aquilo (mas ele não entendia), eu tentei quase tudo que podia fazer nesses últimos meses, agora estou aqui pedindo ajuda”.
A aluna procurou outro professor da escola para relatar o que estava sofrendo. Com isso o caso foi levado à direção, que procurou a polícia. Alan David recebeu voz de prisão na própria residência e deve responder por estupro de vulnerável. O advogado de defesa, Sebastião Luis de Azevedo Borges, contou que o suspeito tem consciência do crime.
A prefeitura de Barretos iniciou um processo administrativo para desencargo do professor. A vítima voltou a estudar. Ela e a família estão recebendo suporte psicológico e terapêutico.
Atitudes estranhas
Ainda em desabafo na carta, a aluna confessou que considerava os abraços que recebia do suspeito estranhos. Em uma parte da carta, ela relata que a primeira aproximação aconteceu porque estava triste e ele foi consolar.
“Eu estava bem triste, cabisbaixa, precisava desabafar, ansiosa, deprimida e bem triste por conta de uns problemas aí e o professor percebeu isso e um dia desses, no final da aula, pediu pra mim dar um abraço nele (…) eu aceitei porque realmente estava mal”.
Em outro trecho, a menina descreveu que o professor passou as mãos nas partes íntimas dela e disse que achou errado, mas relevou. Os pedidos de abraços não acabaram.
Na sequência, a aluna narrou que o professor pediu para ela não comentar com ninguém sobre os abraços.
“A prova termina. Neste momento estava tudo ok, fiquei conversando com ele depois da prova como se nada tivesse acontecendo, porque eu realmente achava que era só uma desconfiança. Neste momento, ele me deu vários destes abraços estranhos, mas achava que era normal. Ele me falava para não contar sobre os abraços para ninguém, absolutamente ninguém”.
Alan David criou uma conta falsa nas redes sociais para conversar com a aluna. Em uma das mensagens enviadas, ele fala em sexo oral.”Quando voltarmos a nos encontrar você me compensa a espera com um sexo oral bem caprichado”, em outra mensagem ele afirma “No fundo, no fundo, você gosta também dessas safadezas nossa”.
A investigação da polícia percebeu que o suspeito tinha medo de ser descoberto. Ele escolheu uma sala dentro da escola com janelas altas, para dificultar a visão de quem estivesse do lado de fora.