Última atualização 11/02/2017 | 10:05
Alysson Lima (PRB) é nascido no Paraná, já morou em São Paulo e no Tocantins. Está em Goiás desde 2009, onde se tornou apresentador do programa de televisão Goiás no Ar da TV Record. Foi eleito vereador em 2016 para seu primeiro mandato na Câmara Municipal de Goiânia. Em entrevista na sede do Diário do Estado o vereador falou sobre os seus projetos, principalmente voltados para o transporte público, sua liderança na Comissão de Direitos Humanos, comentou sobre a situação atual da Câmara e as diferenças sentidas entre ser apresentador e agora parlamentar.
Carlos H. Rocha
Ricardo Castro
Sara Queiroz
Diário do Estado – O senhor viu muita diferença entre ser um denunciante e estar agora do lado de dentro do poder?
Alysson Lima – Eu já estava preparado. Sabia que o desafio ia ser muito grande. Eu estou procurando no começo imprimir um ritmo de trabalhando no meu gabinete que os projetos de lei que sejam reflexo daquilo que eu plantei como apresentador. Cobrando, criticando, buscando soluções. Estou focando muito no transporte público e na saúde. Estou procurando trazer para os projetos aquilo que vi nos últimos anos.
Diário do Estado – Qual o projeto de sua autoria que o senhor destaca nesse começo de mandato legislativo?
Alysson Lima – Estamos vivendo a maior crise de desemprego em Goiânia. Por que não a prefeitura custear durante um período X que a pessoa estiver desempregada quatro passes por dia para a pessoa procurar emprego? Esse é meu projeto. Pra que pessoa que estiver desempregada, depois de cinco meses, depois que já passou o período do seguro desemprego. Três meses com renovação de mais três meses. Eu já passei por isso. Sei que quando a pessoa está desempregada, às vezes a família não tem como arcar. Esse é o primeiro ponto. Hoje quase 13,5% de desempregados em Goiânia. Se colocar isso no papel, na população econômica ativa dá quase 90 mil pessoas. É muita gente. Mas tem que ter critério para a pessoa se beneficiar com isso. Não é simplesmente estar desempregado e conseguir. Precisa estar cinco meses desempregado, ser residente em Goiânia, comprovar via documento que está pleiteando uma vaga e não está e casa sentado recebendo o passe.
Diário do Estado – O senhor pediu a instalação de uma Comissão para fiscalizar o BRT que hoje estão com as obras paralisadas. A que se deve isso?
Allyson Lima – A última informação que recebi é que se trata de um programa com três vertentes financeiras Município, Governo Federal e Caixa Econômica Federal. Quando um deixa de fazer o repasse trava tudo porque depende do complemento. Estava acontecendo muito isso. Começava a obra e parava. Está em torno de 40% concluída. Falta mais de 60% ainda. Tem alguns erros que vou investigar. Me falaram que a concretagem na Região Norte foi feita de maneira errada. Tiveram que tirar e fazer de novo. É um desperdício gigantesco de dinheiro. 340 milhões de reais, o valor da obra e fica parando desse jeito. Eu não queria entrar com um pedido de Comissão de Inquérito. Entrei com uma temporária porque ela tem poder de investigação. Porque como eu não tenho um objeto de denúncia, nós vamos começar a investigar, trazer parecer técnico. E a partir desse ponto, se for preciso, transformar ela em uma CEI. Entrei com o projeto e 25 dos 35 vereadores assinaram. E já vamos começar a fase de montagem da comissão. Depois do carnaval começa a parte de convite.
Diário do Estado- A situação do transporte público não parece evoluir. O projeto de integração, por exemplo, não deu certo e agora já estão falando em aumento de passagem de ônibus. O que você pode falar para a população que pode ser feito?
Allyson Lima – A impressão que tenho é que é um assunto muito blindado aqui em Goiânia. Em Anápolis a empresa foi substituída após 40 anos. O Setransp é composto por seis empresas e a mais recente entrou há quase 20 anos. Se não desse lucro, como você consegue sobreviver por 20 anos? Você antecipa bem o pagamento. Mas como é um assunto muito blindado, nós temos que furar aos poucos. Vamos começar a questionar na Câmara. Vamos pedir o reforço do Ministério Público. Temos contratos muito dilatados, contratos de mais de 30 anos. Por exemplo, atraso de ônibus pode ser motivo de quebra de contrato. Quantas vezes isso já não foi denunciado? Não pode ser revisto? Ou então gerar concorrência nesse negócio. Se você pega os 1370 ônibus disponíveis e divide pela população que pega o ônibus a conta não bate. Se tivermos 150 mil pessoas, um número que deve ser bem maior, daria 109 pessoas por ônibus.
Diário do Estado – Você vê com bons olhos a ideia de um metrô na capital?
Allyson Lima – Já passou da hora de Goiânia ter trem, VLT, metrô. Recife tem metrô e não é um município muito mais rico que Goiânia. Ou mesmo o BRT funcionando. A promessa é de atender 250 mil pessoas por dia. No papel o Paulo Garcia construiu essa noção. Estou vendo no dia a dia que essa câmara está mais ousada. Temos ali de cinco a oito vereadores muito inteligentes. Elias Vaz, Eduardo Prado, Dra Cristina. Em relação ao BRT eu conversei com o prefeito Íris e ele falou que a obra vai ser terminada. Porque a obra está parada. Ele disse que está esperando as informações para explicar em que ponto está a obra, parte jurídica para concluir o mais rápido possível.
Diário do Estado – Você faz parte da Comissão de Direitos Humanos e é o presidente dela. Quais são suas idéias e os desafios Nessa área?
Allyson Lima – Vários desafios. Primeiro, a invasão no parque Atheneu, lotação no transporte coletivo, fila em hospital de madrugada e escassez de vagas no CMEI. Estou com um trabalho muito grande de desmistificar a Comissão de Direitos Humanos. Por um lado o pessoal da polícia acha que estou defendendo bandido. Do outro lado, os defensores de direitos humanos e perguntam o que um apresentador de programa policial sabe sobre isso? Ficou uma interrogação no ar. O desafio é de derrubar esse mito de que Comissão de Direitos Humanos é para defender bandidos. Estamos criando um programa de atendimento para vítimas de crimes violentos. Por exemplo, aquele senhor que morreu no Carrefour essa semana, qual suporte jurídico aquela família vai ter? Às vezes, a pessoa não sabe que tem uma Defensoria Pública da União, que o Ministério Público pode defendê-lo.
Diário do Estado – Como está o clima entre situação e oposição hoje dentro da Câmara?
Allyson Lima – Não tem uma oposição muito clara e nem uma situação muito bem definida. O meu posicionamento político, por mais que meu partido, o PRB, seja da base, é independente. Não faço parte da base e nem da oposição. Eu vou ser guiado pela minha consciência.
Diário do Estado – Mas em algum momento você vai ter que tomar um lado, não?
Allyson Lima – Já vou te falar onde o bicho vai pegar. IPTU. Sou contra. Sou contra e nesse contexto sou contra até correção anual. A gente não está no momento de falar de imposto. Seria uma aberração se eu falar para você e para a sociedade que eu queria um aumento de salário? Seria. Então não vamos falar de aumento de imposto. No momento o poder público tem que dar a melhor contra partida possível dentro da realidade que está vivendo.
Diário do Estado – Como o senhor vê a indicações do prefeito?
Allyson Lima – Eu no lugar dele não indicaria alguém com ficha suja. Por isso que no Brasil o ideal hoje seria uma reforma política para a pessoa não entrar com algum tipo de amarra. Eu, particularmente não faria o que o Íris fez. Mas acredito que dentro do possível ele se esforçou em procurar as pessoas ideais e fazer escolhas técnicas.
Diário do Estado – O novo prefeito ainda está sofrendo reflexo da gestão passada. Qual a situação de Goiânia? O que as pessoas podem esperar dessa nova gestão?
Allyson Lima – Estou otimista com o trabalho da Câmara. Vejo pelo menos oito vereadores muito atuantes e estou conhecendo o restante do pessoal. O prefeito fez compromissos de campanhas muito sérios. Falou de desenvolvimento de pólos econômicos. Você vai na Região Noroeste de Goiânia onde tem mais de 400 mil habitantes e não tem nenhum tipo de incentivo fiscal para a região. Tem que e descobrir uma vocação econômica para as regiões. O prefeito oficializou o programa de governo dele. Estou esperançoso. Esse ano vai ser melhor que o ano passado.