Daniel começou a apresentar os primeiros sinais de Alzheimer precocemente, aos 48 anos, em 2018. Inicialmente, os sintomas, como esquecimentos, eram confundidos com depressão devido a uma demissão e assédio no trabalho. Carla, sua esposa, relatou que também notou problemas sutis de visão nele, além de disfunção erétil, inicialmente associados à saúde mental.
O marco mais evidente para Carla ocorreu em 2020, quando Daniel se perdeu em um Carnaval em Porto Alegre. Durante a pandemia, ele, um engenheiro mecânico habilidoso, enfrentou dificuldades em tarefas simples, como ensinar ao filho uma fórmula de física. Carla buscou ajuda de um psiquiatra, que solicitou uma avaliação neuropsicológica. O primeiro laudo, no final de 2021, apontou um declínio cognitivo atribuído à depressão.
Com o agravamento dos comportamentos de Daniel, incluindo se perder em locais conhecidos, acidentes de trânsito frequentes e confusão, houve um aumento das brigas e a necessidade de terapia de casal. Em 2023, um novo laudo neuropsicológico evidenciou uma progressão do declínio cognitivo, levando o casal a buscar um neurologista. Este identificou dificuldades em aritmética, percepção visual e visuoespacial, sugerindo a possibilidade de atrofia cortical posterior.
A atrofia cortical posterior afeta a parte posterior do cérebro, resultando em dificuldades de processamento visual. A pessoa pode enxergar, mas não interpretar corretamente as imagens, levando a problemas de percepção de espaço, como encontrar objetos ou interpretar sinais de trânsito. Essa condição pode explicar os comportamentos de Daniel, como trocar a ordem dos números em transações financeiras e se atrapalhar com relatórios de Excel.
Diante desses desafios, o casal enfrenta uma jornada complexa, buscando suporte médico e tentando lidar da melhor forma possível com os sintomas do Alzheimer precoce que surgiram de forma precoce na vida de Daniel.